Gislayne da Silva era a filha mais velha de cinco filhos do Gilvado José de Deus.
“Ele era muito carinhoso com a gente. Gostava de morder a orelha. Ficava pegando a barba e fazendo cosquinha. E sempre buscou criar da melhor forma os filhos”, conta escrivã da polícia civil.
Ela tinha 9 anos quando recebeu a notícia do assassinato do pai. O ano era 1999. Depoimentos da época contam detalhes do crime. Givaldo, pai de Gislaine, tinha ido até um bar, na Zona Oeste de Boa Vista, quando foi cobrado por uma dívida de R$ 150. A dona do estabelecimento disse que o cobrador retornou ao local já armado. Ela ainda tentou alertar Givaldo e ouviu o disparo.
O cobrador e assassino era Raimundo Alves Gomes. Raimundo chegou a ficar preso por 17 dias, mas foi solto e respondeu pelo crime em liberdade. A condenação a 12 anos de prisão veio só em 2013, mas ele fugiu da Justiça.
Crescer sob o impacto da perda do pai fez com que Gislaine dedicasse a vida a buscar justiça para a família dela e outras também. Ela se formou advogada e passou em um concurso público da Polícia Civil. Entrou para a corporação há dois meses, como escrivã da Delegacia Geral de Homicídios. Tinha planos de prender o assassino do pai e conseguiu.
Uma investigação localizou o criminoso em uma região de chácara em Boa Vista. Na delegacia ela deu voz de prisão ao bandido 25 anos depois do crime. “O senhor vai pagar. Nem que seja minimamente, mas o senhor vai pagar”, disse.
“Naquele momento, eu tive aquele choque de… ‘Poxa, chegou o dia’. Quando eu fui na delegacia, que falei com ele: ‘Olha, o senhor está sendo preso e eu sou a filha da pessoa que o senhor matou, e estamos aqui cumprindo a ordem judicial’. Isso me trouxe uma paz e uma realização muito grande”, conta Gislayne.
A policial pretende utilizar o trabalho na DGH para ajudar outras pessoas, que muitas vezes não conseguem encontrar respostas para um crime brutal.
“Eu vi que poderia ajudar também e muito mais. Nós conseguimos fazer esse trabalho de tentar dar para as pessoas a solução. De tentar dar a resposta que a sociedade precisa”, diz Gislayne Silva de Deus, escrivã da Polícia Civil.
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G1/JN