O dentista Jeferson Scaranto foi condenado, nesta segunda-feira (2), a 9 anos e seis meses de prisão, em regime inicial fechado, por violação sexual mediante fraude contra três pacientes durante consultas em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre. A sentença é assinada pela juíza Caroline Zanotelli. Cabe recurso da decisão judicial.
O g1 entrou em contato com a defesa de Jeferson Scaranto, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Conforme a denúncia do Ministério Público (MP-RS), os crimes teriam sido cometidos contra pacientes, no consultório do dentista, durante atendimentos ocorridos entre abril de 2022 e março de 2023. Umas das vítimas das violações registrou o crime em vídeo. (veja abaixo)
Scaranto está preso desde o dia 8 de abril. A magistrada manteve a prisão preventiva.
O crime
Seis mulheres relataram terem sofrido abusos durante consultas odontológicas com Scaranto. Uma delas, uma jovem de 25 anos, conta que foi atendida por ele três vezes. Nas duas primeiras, foi acompanhada, mas, na terceira, ficou sozinha no consultório com o dentista.
“Ele sentou, ele abriu o jaleco, pedia pra eu me aproximar mais, eu dizia que não, então ele se aproximou mais com a cadeira, e quando terminou o procedimento, vi que ele tinha ejaculado”, conta.
A vítima de 25 anos conta que, desde os primeiros atendimentos, notou o comportamento inadequado dele. “Carícias no rosto, olhares, [no início] mais sutil, a questão de pedir para vir um pouco mais próximo, de tirar minha cabeça da cadeira”, conta.
Elas diz que, na segunda consulta, foi acompanhada da filha, que entrou junto no consultório. “[Ela] percebeu que ele estava com o braço em cima do meu seio, e pediu pra ele tirar, que ali não era lugar dele botar o braço e ela pôs a mão em cima e deixou ali. Como se fosse uma proteção, né. É filha. E ali é um lugar que menino não pode tocar, é como eu ensino, e ela não estava errada”, diz.
“Ele não deveria nem ter continuado atuando. Isso aí já deveria ter tirado dele, não deveria mais estar atuando nessa área. Não foi uma nem duas, quantas vítimas ele já não fez de lá pra cá, dessa mesma maneira. Eu acho que onde acontece uma vez, aconteceu a segunda, não tem que existir terceira vez.”
Gravação
Outra vítima que procurou a polícia gravou a segunda consulta com Scaranto.
“No momento que ele está injetando a anestesia no dente, ele já está começando a ter uma ereção; toda vez que eu me levanto para cuspir, ele tenta olhar para debaixo da minha saia. Ele puxa, com o cotovelo dele, o meu braço em direção ao órgão genital dele”, detalha a paciente.
A delegada responsável pelo caso, Marina Dillenburg, diz que o vídeo e os elementos apontados fizeram com que fosse possível a prisão em flagrante do dentista.
“Ele fazia questão de mostrar aquilo pra ela, no vídeo dá pra ver ele se ajeitando e colocando o avental pra cima, então com base nisso, nesse relato dela e nas imagens que ela mesma apontou, a gente efetuou a prisão em flagrante dele”, diz.
A paciente conta que muitas pessoas questionaram o fato de ela voltar ao consultório do dentista, mesmo depois do abuso.
“Muita gente fala: ‘tu não deveria ter voltado lá’. Mas, gente, era o único lugar que eu podia pagar. Eu já tinha tentado tratar, entendeu? Eu pedi para o meu pai para fazer um pix de R$ 50 para eu poder tirar aquele dente”, conta.
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G1 RS