Justiça
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Em depoimento à justiça, nesta sexta-feira, 18, Alexandra Dougokenski, 33 anos, presa desde maio pela morte do filho Rafael Mateus Winques, 11 anos, apresentou nova versão à Justiça, negando ter matado o próprio filho.

Esta é a terceira versão que Alexandra apresenta dos fatos, onde negou a autoria, e desta vez acusou Rodrigo Winques, pai do menino, de ter sido o autor. A Polícia Civil chegou a investigar o pai na época do fato, mas constatou que, na noite em que o menino sumiu, ele estava em Bento Gonçalves, onde residia.

A ré foi ouvida por videoconferência, de uma sala da Penitenciária Feminina de Guaíba. No início da audiência, a juíza Marilene Parizotto Campagna informou que ela poderia permanecer em silêncio, mas Alexandra optou por falar.

Para a juíza, Alexandra afirmou que quando saiu do quarto do menino, depois de colocá-lo para dormir, Rafael disse que o pai ia vê-lo naquela noite. Segundo ela, o ex-companheiro, chegou na casa por volta das 3h e estava acompanhado de outra pessoa, que estava dentro do veículo.

Alexandra afirmou que a intenção de Rodrigo era levar o filho até o carro, mas o menino resistia. Ela disse que o outro homem estava armado e teria lhe segurado pelos cabelos. Ela disse que Rodrigo também tinha uma arma e que tirou uma corda com um nó de dentro da jaqueta.

— Creio que a corda seria pra mim — afirmou.

Ela afirmou que o pai do garoto colocou a corda nos ombros de Rafael e que, então, o menino não se mexia mais. Que seria um nó corrediço.

— Quando Rodrigo o soltou, Rafael não se mexia. Não respirava mais — disse.

Alegou também que ficou em pânico e não pediu ajuda no primeiro momento porque achava que Rodrigo permanecia na região.   


Outros pontos

Sobre o medicamento Diazepam, Alexandra também negou ter culpa. Ela alegou que no dia 13 de maio pegou dois comprimidos para dar a Rafael, deixou sobre a mesa e ele tomou sozinho.

— Ele estava se queixando que não tava dormindo — disse.

A mulher alegou ainda que nunca precisou tirar o celular dos filhos — em versão anterior, ela disse que Rafael não lhe obedecia. Agora disse que “não era uso abusivo de celular, ele era apaixonado por jogos”. Sobre a relação que mantinha com o menino, afirmou:

— Rafael era a minha luz. Meu príncipe, meu companheirinho. Não consigo admitir que nunca mais vou ver o sorriso do meu filho.

Questionada sobre o motivo de ter assumido a culpa pelo crime, alegou que queria proteger o outro filho, um adolescente, de algum risco.

— Por temor pela vida do meu filho — disse.

Perito

Ouvido no início da tarde desta sexta-feira, o médico legista Roberto Pontes dos Santos, que atua na profissão há 15 anos, em Carazinho, deu detalhes sobre a necropsia realizada no corpo do menino. O médico relatou que não encontrou indícios de lesões de defesa. O profissional atribuiu isso à inconsciência da vítima.

Sobre o nó no pescoço de Rafael, o médico disse que “estava firme, e a corda, também, firmemente aderida ao pescoço”. Ele afirmou que foi preciso uso de uma lâmina para cortá-la. Apesar disso, confirmou aos defensores da ré que se tratava, tecnicamente, de um nó do tipo corrediço. O perito estimou que o tempo até a morte teria sido de três a quatro minutos.

O médico disse também que o laudo toxicológico apontou ingestão do medicamento Diazepam pelo menino, o que poderia ter causado sono profundo. No entanto, na avaliação do perito, seria necessária dose muito alta do medicamento para levar a óbito.

Alexandra responde por homicídio qualificado e outros três crimes: ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual. Antes do início do interrogatório, Alexandra se reuniu com os advogados responsáveis por sua defesa, segundo o Tribunal de Justiça.

 GZH