Polícia
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Em um mesmo dia, Isaíldes Batista precisou conviver com duas emoções distintas: a confirmação da morte do neto Rafael Mateus Winques, em Planalto, no Norte do estado, e a confissão da filha, Alexandra Dougokenski, de que teria matado o próprio filho.Quatro dias depois, ela ainda assimila os acontecimentos, enquanto nega as acusações de envolvimento com o crime que escuta pela cidade.

O caso é tratado como homicídio doloso e a polícia investiga se a mãe teve ajuda de mais alguém. Duas pessoas são suspeitas, de acordo com o delegado Ercilio Raulileu Carletti.

Isaíldes prestou novo depoimento à Polícia Civil nesta quinta-feira, e mais uma vez disse que soube da morte do neto apenas na segunda-feira, quando Alexandra confessou o crime e indicou o local do corpo.

Segundo a avó, ela teria ido à casa da filha no dia seguinte ao desaparecimento e estranhado a ausência de Rafael, mesmo com a cama desarrumada e a porta do quarto estar aberta. Porém, acreditava ser uma brincadeira do neto, e ignorou o fato.

Somente horas mais tarde, sem o retorno de Rafael, ela se preocupou. Para Isaíldes, Alexandra não demonstrava desespero com o sumiço do menino.

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“Parecia que ela tava nervosa, mas mais na dela. Ligou pro namorado e depois ele veio. Ele entrou, falou com ela e saíram. Disse para irem pro Conselho [Tutelar], porque ele é uma criança. Eles foram, e as buscas começaram. Nunca que a gente esperaria que fosse um final assim”, lamenta.

Contradições sobre causa da morte

Alexandra alega que a morte não foi intencional. O homicídio, conforme afirmam seus advogados, teria ocorrido de forma acidental após ela administrar dois comprimidos de Diazepam (medicamento usado como calmante) para o menino dormir.

A avó admite que tinha o remédio indicado pela filha no depoimento à polícia. Contudo, não confirma se a filha pegou os comprimidos, nem sabe como ela teve acesso ao medicamento. De acordo com Isaíldes, o médico receitou Diazepam a um de seus três filhos que tinha problemas para dormir.

“Se ela deu, eu não sei. Foi dentro da casa dela. Mas o remédio teria partido daqui, porque eu comprava para o meu filho”, admite.

O laudo do Instituto Geral de Perícias, entretanto, aponta para morte por estrangulamento. O corpo de Rafael foi encontrado dentro de uma caixa de papelão e enrolado em um lençol. Isaíldes nega saber qualquer detalhe sobre isso.

Isaíldes diz que não via a filha e o neto há cerca de três dias antes do desaparecimento de Rafael. A lembrança mais recente, segundo ela, foi do almoço de Dia das Mães. A avó conta que o neto lhe deu um abraço, brincou com o fato de ela ser do grupo de risco do coronavírus, deitou na rede e comeram um churrasco.

“Nunca vou esquecer disso, jamais”, emociona-se. “Não tem uma explicação, a ficha não caiu. Tu vê toda essa cena, parece que não está acontecendo. O que foi feito é cruel.”

G1-RS