Polícia
Foto: Arquivo Pessoal

A Brigada Militar pediu a prisão preventiva dos três policiais envolvidos no desaparecimento de Gabriel Cavalheiro, de 18 anos. O corpo dele foi encontrado na tarde desta sexta-feira (19), na região conhecida como Lava Pés, em São Gabriel, na Região Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.

O Ministério Público já se posicionou favoravelmente às prisões, segundo a BM. A Justiça Militar analisa o caso.

“Foi requisitado [ao Poder Judiciário] pedido de prisão dos três policiais, afim de manter a melhor forma de controle das investigações e também o pedido de apreensão de telefones celulares, para que tenhamos condições de ver se houve diálogo com eles”, disse o corregedor-geral da Brigada Militar Vladimir Luís Silva da Rosa.

Foto: Jonas/RBSTV

Um sargento e dois soldados são investigados. Sem detalhar quais, a BM afirmou que um tinha 16 anos de serviço, outro 15 anos e outro seis anos de atuação policial.

A BM também cogita afastar o comandante da corporação em São Gabriel, diante da suspeita de irregularidades na condução do caso.

“Estamos avaliando a possibilidade [troca de comando de São Gabriel] diante das irregularidades que se verificaram no atendimento da ocorrência. Caso nós constatemos algo nesse sentido, nós iremos trocar”, diz o comandante-geral da BM, coronel Cláudio Feoli.

Gabriel estava desaparecido desde a última sexta (12), quando foi abordado por policiais militares na frente de uma casa. Em depoimento, os policiais confirmaram que levaram o jovem até a localidade de Lava Pés, distante 6 km de onde aconteceu a abordagem.

Comando da Secretaria da Segurança Pública e da Brigada Militar se manifestam — Foto: Reprodução/RBS TV

Foto: Reprodução/RBS TV

Relembre o caso

Na noite de sexta-feira (12), Gabriel estava na casa do tio, Antônio. Segundo a advogada da família, ele perguntou se poderia tomar uma cerveja, o que foi autorizado.

Mais tarde, o tio deitou-se e ouviu um barulho da porta sendo encostada. Imaginando que o jovem teria ido fumar no lado de fora, Antônio ignorou o fato e dormiu. Só foi perceber a ausência do sobrinho no dia seguinte

“Foi chamar umas 10h, 11h. Achou que ele poderia ter ido pra casa de um parente próximo. A família começou a procurar e não o achou. Na metade da tarde de sábado, ligaram para os pais dele, em Guaíba, e eles se deslocaram. Foram até a Polícia Civil fazer o registro e, desde então, começou-se a busca incessante”, diz Rejane.

A principal testemunha e autora das últimas imagens conhecidas de Gabriel é a vizinha Paula Beatriz Lima da Silva. Ela depôs à polícia e disse que estava com a filha e uma afilhada quando Gabriel parou junto à grade de seu terreno e começou a gritar pelo nome Paula.

Como não o conhecia e já estava tarde, decidiu ligar para a Brigada Militar. “Vi um movimento muito grande dos cachorros. Ele tava forçando o portão, tentando entrar. Me assustei, não reconheci o rapaz. Vi que não era da vila, não era da cidade, acionei a Brigada”, contou à RBS TV.

Imagens de câmeras de segurança mostram a viatura da Brigada Militar chegando ao local. Paula Beatriz conta que Gabriel foi abordado por três policiais, imobilizado e algemado. Por ser contra a forma como o jovem foi tratado, ela passou a registrar vídeos e fotos com o celular. As imagens gravadas mostram Gabriel sendo conduzido em direção à viatura. Veja vídeo acima.

“Acionei a Brigada na intenção de retirar ele, mas não para fazerem nada contra”, afirmou Paula.

Depois, conforme a vizinha, o carro partiu para o lado direito, em direção à localidade de Lava Pés. De acordo com a mãe de Gabriel, Rosane Machado Marques, os policiais disseram que o jovem estava tranquilo, teve as algemas retiradas na viatura e teria pedido para ser deixado lá, onde pediria carona até um chalé nesta estrada vicinal.

“Ele foi abordado, com ele nada de irregular foi encontrado, e ele foi liberado”, diz o major Aníbal Silveira.

Em depoimento, os policiais envolvidos na ação confirmaram que levaram o jovem até a localidade de Lava Pés, distante 6 km de onde aconteceu a abordagem. Mas a família rejeita a versão, pois o jovem não morava no município e desconhecia a região.

Além disso, segundo a advogada da família, a câmera de segurança de uma escola e o trajeto apontado pelo GPS da viatura policial mostram que o veículo ingressou diretamente na estrada de chão às 0h05, retornando em torno de 0h12. No entanto, pela baixa qualidade da imagem e pelo fato de as janelas estarem fechadas, não é possível identifica quem está na parte interna do automóvel.

“Vai para o Lava Pés se precisar ir. Tem umas casas de moradia, uma madeireira, um engenho de arroz. Termina o asfalto e começa uma estrada de chão. A passagem de pessoas e de carros é mínima, ainda mais no horário noturno”, descreve Rejane, que é da cidade.

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