Polícia

Defesa de Deise diz que houve falta de acompanhamento psicológico e critica condições de presídio

A defesa de Deise Moura dos Anjos, 42 anos, encontrada morta nesta quinta-feira (13), afirmou que o único psicólogo da Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na Região Metropolitana, havia conversado com Deise, indicando que ela estaria controlada. 

Segundo advogados, agentes foram avisadas sobre a ameaça dela de tirar a própria vida, após ter sido informada que o marido havia pedido o divórcio. A Polícia Penal afirma que “não se tem conhecimento de qualquer comunicado da apenada ou de sua defesa sobre risco de suicídio”.

Advogados de Deise e o representante da mulher na esfera criminal, Cassyus Pontes, promoveram, durante a tarde, uma coletiva de imprensa para prestar esclarecimentos sobre o caso. Ela é suspeita de matar três pessoas da mesma família com um bolo envenenado, em Torres, no Litoral Norte.

O psicólogo, segundo a defesa da mulher, era o único disponível para atendimento psicológico das 430 detentas da prisão. Os advogados também apontaram problemas estruturais na penitenciária, na higiene e dificuldade de contato com a casa prisional de Guaíba, que não estava com os telefones funcionando.

— Ontem, o colega (outro advogado) fez um parlatório falando sobre o Diego (marido da suspeita) encaminhar um pedido de divórcio, que a Deise não recebeu bem — afirma o advogado Matheus Trindade.

Ele relata ainda que ela teria ameaçado  tirar a própria vida e que ele, o outro advogado, comunicou duas agentes penitenciárias sobre o assunto. 

— Elas disseram que tomariam providências só que, juntamente a isso, ele comunicou a Denise, irmã da Deise, sobre essa possibilidade. Ela já tinha conhecimento e informou a casa prisional, mas não foi respondida — complementou Trindade.

Conforme o advogado, não havia dificuldades na comunicação com a Penitenciária Estadual de Torres, onde Deise estava presa antes de ser transferida, no dia 6 de fevereiro.

— O presídio de Guaíba foi alertado e não tomou as devidas providências. O telefone fixo deles não funcionava. Não conseguíamos contato. A Deise já havia relatado ao doutor Cassyus que havia problemas, principalmente, na higiene – disse.

A Polícia Penal informou que não há problemas nos telefones da casa prisional de Guaíba.

Em relação aos psicólogos no presídio, a Polícia Penal confirmou que havia apenas um profissional, embora outros dois estivessem sob atestado. Conforme a Polícia Penal, profissionais de outras casas prisionais prestavam suporte às apenadas em Guaíba.

Quanto às intenções de Deise serem comunicadas para agentes penitenciárias, a Polícia Penal disse, em nota, que há um protocolo a ser seguido e que a mulher não havia demonstrado intenção de tirar a própria vida, tendo recebido três atendimentos psicológicos em uma semana.

Alega, no entanto, que não houve comunicação sobre as intenções de Deise tirar a própria vida.

“Não se tem conhecimento de qualquer comunicado da apenada ou de sua defesa sobre risco de suicídio”. diz a nota (leia a íntegra ao final da reportagem).

Pedidos de assistência

Deise foi encontrada morta na manhã desta quinta, em uma cela individual do presídio com sinais de enforcamento. 

O advogado que representa Deise na esfera criminal, Cassyus Pontes, disse durante a coletiva que tentou manter a apenada na casa prisional de Torres, mesmo com um futuro mandado de prisão preventiva.

Segundo o defensor, foram feitos diversos requerimentos, desde o início da prisão, em Torres, para que houvesse o acompanhamento médico e psicológico dela, pois a detenta já apresentava histórico de condições psicológicos. Ele também afirmou que Deise sentia-se segura no presídio da cidade litorânea.

— Ela sempre chorava muito quando falava da família e sabíamos dos problemas emocionais fortes. Lembrando que houve um requerimento da direção de Torres para que ela fosse transferida para outra casa prisional em razão das poucas vagas. Estava difícil mantê-la isolada, o que poderia ferir a integridade física dela. Nas conversas diárias, ela se mostrava segura no local e tinha acolhimento psicológico. A vontade dela era permanecer em Torres — afirmou Pontes.

Conforme ele, o pedido de divórcio por parte do marido, Diego dos Anjos, foi o estopim para que ela tomasse a atitude. A defesa descartou, no momento, ingressar com pedido de indenização junto ao Estado, por conta da morte de Deise. 

Os defensores ainda tiveram acesso ao conteúdo da carta, onde a mulher, suspeita de matar três familiares em dezembro, além do sogro, alegava inocência repetidas vezes.

O que diz a Polícia Penal

“O protocolo seguido pela Polícia Penal indica que, quando o técnico responsável (psicólogo ou assistente social) identifica um comportamento suicida de um apenado, ele é encaminhado a uma equipe multidisciplinar, que inclui ser atendido por psiquiatra. 

A apenada foi transferida em 6 de fevereiro de 2025 do Presídio Estadual Feminino de Torres para a Penitenciária Estadual Feminina de Guaiba, que oferece estrutura adequada para isolamento. Em Guaíba, a detenta recebeu três atendimentos psicológicos e dois atendimentos com a equipe de saúde. Em nenhum deles demonstrou intenção suicida. 

Alem disso, até o momento, não se tem conhecimento de qualquer comunicado da apenada ou de sua defesa sobre risco de suicídio.

Na unidade, três psicólogos estão lotados para fazer atendimento. Dois estão de atestado, mas psicólogos de outras casas prisionais estão dando suporte.

Sobre a equipe técnica, a Polícia Penal informa ainda que, desde 2019, mais de 3.900 servidores penitenciários foram nomeados. Destes, todos 60 psicólogos aprovados foram chamados”.

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Direção e redação.

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