Família de jovem desaparecida no RS descobriu agressão de namorado após investigação

A família de Hellen Natália de Freitas Lopes, 24 anos, acredita que a jovem desaparecida desde 9 de dezembro está viva e é mantida presa, sem acesso a telefone ou outro tipo de comunicação, em Bento Gonçalves. A jovem foi vista pela última vez em um posto de combustíveis com o namorado e uma amiga. A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) prendeu temporariamente um homem suspeito de envolvimento no desaparecimento da jovem na noite de terça-feira (19). A Polícia Civil não informa quem é o suspeito preso, mas a reportagem apurou que se trata do namorado da jovem. 

A madrasta dela, Juremi Nuniz, 58, conta que Natália, como é chamada pelos familiares, perdeu a mãe aos 13 anos. Ela morava com o pai e o irmão na cidade serrana, sendo que há cerca de um ano foi morar com o namorado. 

Atualmente, o pai de Natália mora com a madrasta na Região Metropolitana de Porto Alegre, mas mantinha contato diário com a filha. Juremi afirma que o marido está em estado de choque e não consegue se manifestar publicamente sobre o assunto. Ela ressalta que a família está apreensiva, mas acredita que Natália esteja viva, impedida de entrar em contato com os parentes: 

— Meu coração ainda não acha o pior. Como mãe, porque eu me sinto mãe dela, eu sou mãe dela, eu acredito que a Natália vai voltar. Meu coração ainda sente que ela está viva  — conta ela, que destaca a relação de carinho e cumplicidade com a enteada.

A última mensagem da jovem para a madrasta foi em 8 dezembro e, para o pai, no dia em que ela desapareceu, por volta das 22h de 9 de dezembro. 

—Estamos sempre em contato com ela, então estranhamos muito quando ela não mandou mais mensagens. Ela sempre mandava “bom dia”, “boa noite” e fotos de onde estava, nos contava sobre a vida dela. Estamos preocupados, mas apegados a Deus —afirma. 

Há alguns meses, a jovem havia terminado o namoro, mas não contou à madrasta e ao pai que foi agredida pelo namorado. A informação só chegou a eles recentemente, durante as investigações sobre o desaparecimento de Natália. 

— Ela mandou mensagem e me disse: “Ju, não deu certo meu namoro, acabou. Agora eu vou tocar a minha vida”.  Quando eles terminaram, a Nati se afastou dele por um tempo, e recentemente reataram o namoro. Nós não sabíamos que ela sofreu agressão, ficamos sabendo agora que tem uma ocorrência da Lei Maria da Penha contra o namorado dela — lamenta. 

A madrasta destaca o jeito alegre da enteada: 

— O brilho dela incomoda muita gente, é uma menina linda, alegre, para frente, cheia de luz e feliz. Ela nunca falou nada de coisas ruins, nunca imaginamos que ela estivesse passando por algo assim. Só queremos encontrar a Natália bem —desabafa Juremi. 

Investigação 

De acordo com a delegada Deise Ruschel, o preso é o principal suspeito do desaparecimento da jovem. Ele inclusive tem histórico de agressões contra a vítima. Ao depor, o homem apresentou versões contraditárias às informações coletadas pela polícia. A perícia também encontrou sinais de possível material orgânico. A coleta será encaminhada para análise de DNA. No entanto, não há detalhes da investigação e qual a linha de investigação para esclarecer  se a polícia acredita que a jovem está viva ou foi vítima de feminicídio. 

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