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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga a ação de golpistas que se fazem passar por funcionários de bancos para obter senhas e recolher cartões de crédito de idosos, afirmando que foram clonados.

Isolados devido à pandemia de coronavírus, idosos acabam suscetíveis aos golpes, que iniciam com uma ligação para um telefone fixo. Alegam que foram feitas compras indevidas em nome do idoso.

“O motivo do meu contato é referente a uma compra, no valor de R$ 2,5 mil reais. Eu gostaria de confirmar essa compra com a senhora” disse o golpista em uma das gravações, obtida pela reportagem.

Para resolver a situação, prossegue o fraudador, a vitima precisa ligar para o telefone 0800 da operadora que aparece atrás do cartão, e cancelar o cartão. Só que em vez de desligar, o golpista segue na linha, que, assim, fica bloqueada.

Depois de colocar o telefone no gancho, o alvo faz a ligação para o número indiciado, acreditando estar iniciando uma nova conversa. E cai no golpe, ouvindo uma gravação automática rodada não pelo call center da operadora, mas pelo golpista.

“Somos a central de segurança. Não desligue, sua ligação é muito importante para nós”, diz um integrante da quadrilha na gravação.

Assim, o golpista acerta o repasse da senha e a entrega do cartão a um motoboy, que também se faz passar por falso funcionário do banco.

“Me deu assim um branco. Não sei nem o que explicar o que senti naquele momento. Peguei o cartão e dei pros caras. Cartão com senha, com tudo. Essa situação pra mim, foi terrível”, lamenta um senhor de Guaíba, que teve R$ 3 mil debitados em compras no seu cartão.

Ações semelhantes foram verificadas em outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco, com vítimas de todos as idades.

Mais de R$ 7 mil de prejuízo

Em Caxias do Sul, um falso funcionário da Caixa Econômica Federal chegou a ter a imagem registrada pelas câmeras de um prédio, onde um idoso foi lesado em R$ 2 mil. Em alguns casos, as vítimas relatam que os criminosos pedem que seja entregue apenas o chip que contém os dados do cartão, o que é confirmado por outro áudio.

“A senhora vai cortar ele ao meio na vertical, mas o chip que é aquela parte prateada dele, não poderá ser danificado, porque através desse chip, nós vamos conseguir saber localizar da onde partiu a clonagem do cartão da senhora” orienta o estelionatário.

Foi desta forma que um aposentado de Santa Maria foi lesado em R$ 7,1 mil, em uma compra parcelada em seis vezes.

“O funcionário teve aqui, e eu, baseado não sei no quê, sabendo que não podia fazer isso, entreguei o cartão e a senha e tudo” afirma o idoso.

A delegada Débora Dias, da delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância da cidade, conseguiu flagrar três suspeitos paulistas em um hotel. Com eles foram apreendidos falsos crachás de bancos, máquinas de cartão de crédito e celulares.

“Nós estamos concluindo o inquérito agora este mês. E eu pretendo pedir a prisão preventiva deles”, garante a delegada.

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), esse tipo de golpe vem ocorrendo, em menor escala, desde 2018. Mas aumentou 65% durante a pandemia. A orientação aos clientes de cartões de crédito é clara.

“Se você receber este tipo de ligação, desligue imediatamente, e ligue pro seu gerente. O banco não tem nenhum serviço de motoboy, pra retirada de documentos. Se você for inutilizar o seu cartão, danifique o chip e não apenas corte-o ao meio” orienta Adriano Volpini, diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da federação.

Já a diretora-executiva do Procon de Porto Alegre, Fernanda Borges, diz que as operadoras de cartões e bancos podem ser responsabilizados, caso ficar comprovado que houve uso de informações pessoais na mecânica do golpe.

“Se houver a comprovação da falha na prestação de serviços, que houve um vazamento de informações, que não houve um cuidado em relação às práticas de fraude, a administradora de cartão de crédito ou a instituição financeira podem responder” explica Fernanda.

Giovani Grizotti, RBS TV