A mãe e o padrasto do menino Anthony Chagas de Oliveira, de dois anos, que morreu no Posto de Saúde 24 Horas de Cidreira, no Litoral Norte, foram presos na manhã desta terça-feira (18) pela Polícia Civil. O casal é suspeito de envolvimento na morte da criança, que ocorreu na tarde da última sexta-feira.
Segundo informações do boletim de ocorrência, Anthony foi levado desacordado à unidade de saúde pelo padrasto e pelo pai do homem. O menino, que tinha múltiplas marcas de violência pelo corpo, acabou morrendo, mesmo após tentativas de reanimação por parte de médicos.
O delegado Rodrigo Nunes, que é o titular da Delegacia de Polícia de Pinhal e coordena as investigações, afirmou que a prisão dos dois é temporária e tem duração de 30 dias. O casal está sendo interrogado pela polícia e depois será encaminhado ao sistema prisional. O homem ficará na Penitenciária Modulada Estadual de Osório e a mulher no Presídio Estadual Feminino de Torres. A reportagem tenta contato com a defesa dos dois.
A investigação apura se houve participação de outras pessoas no caso. Segundo o delegado, já foi possível constatar que Anthony apanhou em outras ocasiões e que tinha lesões internas. Um laudo completo da necropsia é aguardado para os próximos dias.
Conforme apuração da reportagem, já foram ouvidos pela Polícia Civil os pais do padrasto, o pai da criança, a conselheira tutelar que atendeu a ocorrência e os avós paternos e maternos.
De acordo com o pai de Anthony, Cassiano Oliveira, a certidão de óbito, emitida na sexta-feira (14), aponta como causa da morte o “politraumatismo contuso”, que compreende múltiplas lesões traumáticas de diversas naturezas e que podem comprometer diversos órgãos e sistemas.
Cassiano, que vive em Guaíba com uma outra filha, comenta que o filho foi sepultado no domingo (16) no município da Região Metropolitana. Ele conta que o menino se mudou há aproximadamente um mês e meio para Cidreira com a mãe. Até então, a criança morava em Guaíba, mas apenas com a mãe.
— Meu filho era uma criança alegre e tranquila. Vivia sorrindo e era apaixonado pela irmã — comenta Cassiano, que é pai de uma menina de seis anos, também do relacionamento com a mãe de Anthony.
Segundo a conselheira tutelar Nalsa Quintana, que atendeu a ocorrência no posto de saúde após o chamado da Brigada Militar (BM), a mãe do menino só chegou ao posto de saúde após o atendimento.
— Na casa, moravam também a mãe, o padrasto, o pai do padrasto e outros familiares dele — comenta Nalsa.
O pai de Anthony relata que não conhecia pessoalmente o padrasto da criança. De acordo com Cassiano, como a mãe relatou ter ficado sem celular nos últimos tempos, os contatos telefônicos eram feitos justamente através do celular do companheiro dela. Inicialmente, segundo o pai, o padrasto “colocava desculpas” para que ele não ligasse para o filho.
Após ameaçar procurar o Conselho Tutelar para levar Anthony de volta a Guaíba, os contatos passaram a ocorrer, conforme Cassiano. O pai lembra que, na última vez em que falou com o filho, na quinta-feira (13), achou a voz do menino diferente, em um áudio enviado por ele. Cassiano acrescenta que só conversava com a ex-companheira sobre as crianças. Para ele, a relação dos dois era “difícil”.
— Vivíamos discutindo pela falta de interesse dela de estar presente na vida da nossa filha — acrescenta.
Em Cidreira, Anthony não recebia acompanhamento do Conselho Tutelar e não existiam denúncias a respeito da família, de acordo com a conselheira Nalsa. A reportagem tentou contato com o Conselho Tutelar de Guaíba, mas não teve retorno.
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Gaúcha ZH