Dois gaúchos presos em Brasília após atos golpistas prestaram depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal e afirmaram que não depredaram prédios públicos. Mais de 1 mil pessoas estão presas suspeitas de invadir e vandalizar o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), no último domingo (8). Destes, pelo menos 15 são gaúchos.
A TV Globo teve acesso aos depoimentos de parte dos presos. Os gaúchos da lista são Miguel Fernando Ritter e Lucas Schwengber Wulf. O g1 entrou em contato com a defesa de Ritter, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido retorno. Já Lucas não possui advogado, conforme o documento.
Miguel Fernando Ritter é morador de Santa Rosa e tem 59 anos. Ele informou à polícia que chegou ao Distrito Federal no dia 8 de janeiro e tinha planos de retornar em 9 ou 10 de janeiro. Quanto ao ocorrido, disse que gostaria de permanecer em silêncio, destacando apenas que estava próximo ao Palácio do Planalto quando avistou uma pessoa parecida com um colega no alto da rampa.
“Que subiu e foi até ele, quando percebeu que não era seu conhecido. Em seguida, viu alguns soldados do Exército no interior do prédio e adentrou para tentar conversar. Que se sentiu seguro no local, quando começaram estouros de bomba e, em seguida, chegaram policiais grandes de preto e deram voz de prisão para todos que estavam lá dentro. Que afirma que já estava tudo depredado quando chegou ao local”, diz o documento.
Lucas Schwengber Wulf é natural de Santiago e morador de Três Passos. Tem 35 anos e é arquiteto. É casado e tem um filho. Em depoimento, disse que chegou ao DF em 8 de janeiro em um ônibus que saiu de Santa Rosa.
Disse que foi a Brasília por vontade própria, sem pagar nada pelo transporte, para “se manifestar contra o cerceamento do direito de expressão, inclusive virtualmente, que vem acontecendo”. Disse que não almoçou, mas sabe que havia comida no acampamento disponível para os manifestantes, e que não sabe e nem ouviu dizer quem estaria financiando água e alimentos para as pessoas.
Foi com um grupo para a Praça dos Três Poderes e viu e filmou pelo celular pessoas depredando prédios públicos, sendo que é “totalmente contra isso”. Por ser contra, teria enviado mensagens para um grupo no Whatsapp como forma de “manifestar sua indignação contra tais atos de vandalismo. Então, o interrogando foi filmando e entrando em um dos prédios, mas não sabe dizer qual prédio era. Ao entrar no prédio, o interrogando viu pessoas depredando, outras filmando, mas a maior parte do estrago já tinha sido feito”.
Segundo consta no documento, Lucas informou que apenas entrou nos prédios de “curioso”.
“Declara que, nesse momento, as pessoas que quebraram o prédio já tinham ido embora. Afirma não ter causado qualquer dano ao património público. O interrogando não conhece as pessoas que quebraram prédios públicos. Afirma não ser defensor do ex-presidente [Jair Bolsonaro] e se manifesta contra a falta de liberdade de expressão”.
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