Polícia
Foto: Reprodução/RBS TV

O corpo da mulher que morreu após ter uma gaze esquecida dentro do corpo após um parto em Parobé, na Região Metropolitana de Porto Alegre, foi encaminhado para necropsia, a pedido da Polícia Civil, após o velório, realizado nesta quinta-feira (24).

Mariane morreu na quarta-feira (23), dois meses após realizar um parto, em um hospital da cidade. Laudos demonstram que ela tinha uma gaze dentro do corpo.

A Polícia Civil investigará o caso. “A Delegacia de Polícia de Parobé-RS instaurou inquérito policial e realizará a oitiva das partes envolvidas para verificar a procedência das informações e analisar se houve ilícito penal na conduta dos profissionais responsáveis”, informa a polícia. Após a realização da necropsia, o corpo será encaminhado para o enterro.

Mariane realizou o parto por cesárea no Hospital São Francisco de Assis, em Parobé, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Em nota, o Hospital São Francisco de Assis afirma que o falecimento se deu por “complicação pós-cirúrgica descrita na literatura e não previsível”. A instituição acrescenta que “todas as medidas adotadas foram corretas” e que trabalha “há mais de 40 anos pautado nos ditames éticos e legais vigentes para oferecer a melhor assistência”. Leia a íntegra do documento abaixo

A assessoria de imprensa da Fundação de Saúde de Novo Hamburgo confirma que foi realizada uma ultrassonografia em Mariane, no dia 14 de agosto, que confirmou que havia o material no organismo da mulher. Um laudo, entregue para a família, indica a presença de um “corpo estranho”, descrevendo a possibilidade de uma gaze.

Laudo entregue à família apontou presença de gaze no corpo de Mariana — Foto: Reprodução

Laudo entregue à família apontou presença de gaze no corpo de Mariana — Foto: Reprodução

“Não merecia passar tudo isso”

Mariane deixa seis filhos, entre elas a criança de dois meses, e o marido. “Ela sofreu muito, muito, muito, ela não merecia passar tudo isso”, lamenta a mãe, Márcia Rosa da Silva.

“Logo que ela saiu do hospital, já começou a sofrer por causa da dor, tinha muita dor, não podia dormir, não podia sentar, às vezes para caminhar. Aquela dor não parava nunca”, completa a mãe.

Conforme o marido de Mariane, Cristiano da Silva, de 44 anos, algum tempo após receber alta hospitalar a mulher começou a se queixar de de dores na região abdominal. Diante da recorrência das reclamações, eles buscaram atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Novo Hamburgo.

“Não conseguia dormir, chorava de dor. A dor importuna, né?”, relata Cristiano.

Segundo o homem, após a realização de exames na UPA foi constatado que a mulher tinha gaze dentro do corpo. A recomendação foi que eles retornassem ao Hospital São Francisco de Assis. Ao voltar para o local em que foi feito o parto e apresentar os laudos, Cristiano afirma que um funcionário da casa de saúde “saiu correndo” e que o documento “não foi devolvido”. O hospital nega a informação.

Mariane ficou internada e passou por duas cirurgias. Ela teria passado por um primeiro procedimento logo após dar entrada no hospital, para retirar um abscesso, e um segundo, na manhã de terça-feira, que não teria sido comunicado aos familiares, segundo a versão do marido. No dia seguinte, foi confirmado o óbito.

Nota do Hospital São Francisco de Assis Parobé

“Tendo em vista o óbito noticiado na imprensa local, o HSFA esclarece que as matérias publicadas possuem informações inverídicas, eis que conforme prontuário e relato dos profissionais envolvidos no atendimento, o óbito ocorreu por complicação pós-cirúrgica descrita na literatura e não previsível. O tratamento requer intervenção cirúrgica e todas as medidas adotadas foram corretas.

Ao contrário do noticiado, em nenhum momento a causa da morte foi informada pelo hospital como sendo ‘causas naturais’.

Lamentamos profundamente a perda da família e todas as informações referentes ao atendimento estão à disposição dos familiares.

Por fim, gostaríamos de deixar claro que, mesmo com dificuldades, trabalhamos há mais de 40 anos pautados nos ditames éticos e legais vigentes para oferecer a melhor assistência para a região de mais de 2 milhões de pessoas atendidas pelo HSFA e que não toleraremos notícias falsas e caluniosas contra esta instituição e seus colaboradores.”

“Não vamos nos manifestar no momento. Estamos iniciando sindicância conforme regulamentam os órgãos de fiscalização”

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