A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre as mortes das gêmeas Manuela e Antônia Pereira, seis anos, com o indiciamento da mãe das meninas, Gisele Beatriz Dias, 42 anos. A investigação foi encerrada e a polícia pediu a prisão preventiva da mãe, que está detida temporariamente desde 16 de outubro. As crianças morreram em um intervalo de oito dias em outubro.
Segundo o delegado Ivanir Caliari, responsável pela investigação, o inquérito foi remetido à Justiça na tarde de terça-feira (10). Ele informou que a prisão preventiva de Gisele foi decretada no início da noite pelo Juiz de Direito da 1ª Vara Judicial da Comarca de Igrejinha, após parecer favorável do Ministério Público.
Conforme nota oficial enviada por Caliari, “foi possível apurar, ao longo das quase 2 mil páginas do procedimento, indícios que apontam a genitora como responsável pelas duas mortes.” O inquérito foi finalizado antes da conclusão dos exames periciais realizados pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), que podem identificar se houve intoxicação ou não.
A Polícia Civil suspeita que a mãe possa ter envenenado as meninas. Gisele nega que tenha feito algo contra as filhas. Presa desde 16 de outubro, um dia após a morte de Antônia, a mãe das gêmeas já teve a prisão temporária de 30 dias prorrogada uma vez a pedido da polícia. O prazo da prorrogação expira nesta quarta-feira (11) e, com isso, ela poderia ser colocada em liberdade. Ela está detida na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.
Manuela morreu em 7 de outubro e Antônia, no dia 15 do mesmo mês. Elas moravam com os pais no bairro Morada Verde, em Igrejinha, no Vale do Paranhana. As autoridades passaram a investigar o caso em razão da semelhança entre as duas mortes em um curto espaço de tempo.
A polícia trabalha com a hipótese de que a mãe tenha colocado alguma substância — medicamento ou veneno — em algum alimento que as meninas ingeriram. A suspeita surgiu a partir dos sintomas que ambas apresentaram quando foram atendidas, que indicavam aspiração de grande quantidade de secreção sanguinolenta, o que sugere sangramento interno, possivelmente provocado por substância tóxica exógena (vinda de fora do organismo).
Laudos
A Polícia Civil segue aguardando os resultados dos exames periciais para identificar o que causou efetivamente as mortes das gêmeas e se há a presença de alguma substância que possa ter provocado o quadro de parada cardiorrespiratória em que as duas foram encontradas. No dia 12 de novembro, foi efetuada a exumação do corpo de Manuela. O procedimento foi realizado para que o Instituto-Geral de Perícias (IGP) pudesse coletar material genético para análise.
Defesa da mãe
O advogado José Paulo Schneider, que representa Gisele Beatriz Dias, disse na última quinta-feira (5) a Zero Hora que ela nega qualquer tipo de envolvimento com as mortes das meninas. Além disso, ele afirmou que não teve acesso à investigação.
— Até o momento, a gente não teve sequer acesso à investigação por parte do delegado. Estamos aguardando a conclusão dessas investigações, porque já foi tempo suficiente para que elas fossem concluídas. Afinal de contas, tem uma pessoa presa e até o momento, sequer tem a comprovação da hipótese de que elas foram assassinadas por meio de intoxicação — diz o advogado.
Ele também afirma que Gisele não fala das filhas com frieza, como foi apontado durante a investigação.
— Ela fala que tiraram as crianças dela, “perdi minhas crianças, tiraram as crianças de mim” e toda hora, quando ela fala das meninas, ela chora copiosamente — afirma Schneider.
Relembre o caso
Manuela morreu em 7 de outubro em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Oito dias depois, em 15 de outubro, Antônia faleceu em circunstâncias parecidas. A semelhança entre as duas mortes em um curto espaço de tempo fez com que a polícia passasse a investigar o caso.
Na noite de 15 de outubro, a mãe das gêmeas foi presa por suspeita de duplo homicídio doloso. Em depoimento à polícia, Gisele negou que tenha feito algo contra as filhas e afirmou que “sempre fez de tudo para cuidar e amar as filhas”.
A Polícia Civil suspeita que a causa das mortes das gêmeas tenha sido envenenamento. Os elementos que sustentam essa hipótese são a mistura de remédios na comida do marido da investigada e a morte misteriosa de três gatos das crianças. O delegado Caliari disse que uma das motivações para o crime seria o suposto ciúme da mãe em razão da boa relação do pai com as filhas.
O pai das meninas, Michel Persival Pereira, 43 anos, não é investigado no caso. Ele apenas foi ouvido como testemunha e contratou o advogado Fábio Fischer para representá-lo e orientá-lo, enquanto aguarda a conclusão do inquérito policial. Somente o laudo pericial poderá confirmar a causa das mortes.
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Gaúcha ZH