Polícia
Foto: Jaime Zanatta/GBC

A Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas atualizou na manhã desta quarta-feira (29) o caso do advogado preso em Canoas acusado de estuprar crianças do condomínio que ele morava no bairro Harmonia. Três vítimas procuraram a delegacia e denunciaram o caso.

O homem está preso desde novembro. De acordo com o delegado Pablo Queiroz Rocha, sete crianças foram escutadas pela policia. “Todos revelam que estavam brincando. Num dado momento da brincadeira de esconde-esconde o investigado some com uma das crianças.”

Com o apoio do Instituto Geral de Perícias (IGP), foram encontrados materiais de pornografia infantil em todos os aparelhos eletrônicos dele. “Desde 2012 ele pesquisava sobre o tema”, ressalta o delegado.

Além disso, Rocha informou que os investigadores apuraram que a esposa dele não participava dos crimes. “Não encontramos nada que comprove a prática dela nos crimes. Todas as provas que temos indicam que ele agia sozinho.”

O preso foi investigado pela Polícia Federal em 2016 por manutenção de pornografia infantil. Segundo o delegado, esse fato surpreendeu até a esposa. “Ela disse que não sabia que o marido tinha sido investigado pela Polícia Federal. Questionei se ela sabia que ele acessava pornografia infantil e ela também negou.”

Ao prestar depoimento, a esposa, conforme o delegado, precisou identificar algumas imagens dos abusos. “Ela ficou estupefata e os policiais ajudaram ela a se acalmar. Tamanho foi o impacto dela ao ficar sabendo”, ressalta.

Segundo Rocha, o advogado será indiciado por quatro crimes: estupro de vulnerável; manutenção de arquivos pornográficos de crianças e adolescentes;  facilitação de acesso de crianças a materiais de pornografia e fraude processual. “Eu percebi, quando anunciei que tínhamos apreendido o cartão, que ele ficou sensibilizado com isso. No inquérito, está comprovado que ele e ela conseguiram distrair os policiais para que o cartão de memória desaparecesse”, finaliza.

Entenda o caso

O empresário Juliano Fontana foi o primeiro a denunciar no caso. Pai de uma menina de 9 anos, ele descobriu que a filha sofria abusos há quatro anos. “Ela contou para uma amiguinha na escola. Depois disso, a direção nos chamou e nos contou o ocorrido”, conta.

Juliano e a família tinham uma relação de amizade com o acusado há mais de 10 anos. “Chegamos a viajar juntos para Santa Catarina.” Ele conta que os abusos só tiveram um fim quando a criança descobriu que o que estava acontecendo era errado. “Ela ia na casa para brincar com o filho dele. Um dia, ele tentou levar ela para o quarto e ela deu um tapa na cabeça dele”, relata ao ressaltar o que sentiu quando descobriu o crime. “Descobrimos há mais de um mês e o delegado pediu para mantermos a maior descrição possível para não alertar ninguém.”

Com o avançar da investigação, Juliano procurou Sheila Breitembach, que tem uma filha de oito anos. “A filha dela fazia parte do mesmo círculo de amizade do filho dele e da minha.” A advogada esperou a filha chegar em casa e fez o questionamento. “Ela me contou detalhes. A minha filha disse que ele botava a mão por dentro da calça e botava ela no colo dele.”

Sheila destaca que nunca desconfiou da conduta do acusado e da família dele. “Era uma família de confiança que nós conhecíamos aqui no condomínio há mais de 10 anos. O filho deles vivia na minha casa, nossos filhos eram amigos. A gente convivia no condomínio, tomávamos mate junto. Uma família super decente ao olho de todos que a gente podia confiar os filhos a dormir na casa deles, porque o condômino é para ser um lugar seguro, não onde tua filha é abusada.”

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Agência GBC