A prisão em flagrante de dois suspeitos de sequestro-relâmpago mediante extorsão, na segunda-feira (12), na Avenida Bento Gonçalves, zona leste de Porto Alegre, fez com que a Polícia Civil fizesse um alerta neste sábado (17): criminosos que sequestram vítimas após encontros marcados em sites de relacionamentossão investigados. No início da semana, os detidos estavam com uma vítima — quando foram abordados dentro de um veículo — que seria extorquida para que fosse solta.
O titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado João Paulo de Abreu, diz que este tipo de golpe já é comum, por exemplo, em São Paulo, mas novo no Rio Grande do Sul. Até o início de dezembro deste ano, não havia registro deste tipo de ação criminosa.
No entanto, nos últimos 10 dias, ocorreram três casos semelhantes. Além dos dois presos, outras quatro pessoas ligadas a eles são investigadas e Abreu não descarta que um outro grupo atue no Estado.
De acordo com inquéritos instaurados no Deic, a forma de agir dos estelionatários inicia sempre pela internet. Integrantes do grupo criam perfis em sites de relacionamentos e começam a interagir com os usuários. Abreu diz que, quando ocorre algum tipo de interesse entre, até então, apenas duas pessoas que pretendiam manter relações amorosas, as conversas passam para o nível de encontros marcados, algumas vezes sendo agendados via WhatsApp, após a troca de telefones.
— Eles sempre tentam encontrar pessoas que interpretam ter alguma posse ou posição social. Tanto é que, nos três casos que registramos nos últimos dias, todas as vítimas residiam em bairros nobres da Capital — diz o delegado.
O encontro é marcado, geralmente, com a combinação de que o suspeito pegue a vítima de carro em via pública ou em locais com pouco movimento. Logo que o veículo começa a rodar, um outro criminoso entra no automóvel em algum ponto, e é nesse momento que a vítima percebe que caiu em um golpe.
Nos três casos registrados, as pessoas foram extorquidas ainda dentro dos veículos em movimento. Abreu lembra que o grupo investigado sempre exigiu que transferências fossem feitas via Pix.
Prisão
Os dois homens detidos na última segunda-feira na Avenida Bento Gonçalves estavam sendo monitorados desde que a polícia registrou o primeiro caso. Abreu diz que a vítima estava não só apavorada, mas constrangida por toda a situação em que se envolveu.
Os detidos, que portavam uma arma de brinquedo, não tiveram os nomes revelados, porque a investigação continua e o delegado diz que o site de relacionamento apenas foi usado para que o golpe fosse aplicado. Inclusive, os próprios responsáveis ajudaram na apuração e identificação dos sequestradores. A dupla vai responder por extorsão com restrição de liberdade, por terem mantido a vítima como refém.
O Deic afirma que os presos também estariam envolvidos nos outros dois casos registrados nos últimos 10 dias, o que está em fase de apuração. Não foi informado qualquer tipo de valor retirado dos lesados.
Além da dupla detida, outros quatro suspeitos já foram identificados e estão na mira da polícia, que investiga sua participação como laranjas para depósitos bancários ou encarregados de marcar os encontros. Mesmo que não tenham atuado diretamente no sequestro, segundo o Deic, eles podem ser responsabilizados por este delito, além de responder por lavagem de dinheiro.
Alerta
A partir dos casos investigados, o delegado João Paulo de Abreu destaca alguns cuidados que devem ser tomados para evitar riscos ao marcar encontros em sites de relacionamento. Confira:
- Peça o maior número de dados possível das pessoas com quem estiver interagindo.
- Se possível, verifique o local do encontro antecipadamente.
- Marque sempre em locais com grande movimentação.
- Jamais entre no carro de alguém com quem apenas manteve contato online.
- Informe sobre o encontro a pessoas de sua confiança.
- Oriente sua família a sempre procurar a polícia em casos de extorsão.
O delegado ressalta que, ainda que o prejuízo patrimonial seja grande, o dano psicológico sempre será maior. Ele destaca que, em São Paulo, por exemplo, já houve casos de assassinato durante sequestros envolvendo encontros marcados online. Além disso, um empresário gaúcho já foi vítima desse golpe este ano na Capital paulista. Segundo o Deic, ele e uma outra pessoa, que também estava sendo extorquida, passaram pelo menos um dia em um cativeiro. Eles só foram soltos depois de fazerem transferências via Pix.
No Rio Grande do Sul, casos semelhantes devem denunciados ao Deic pelo telefone 0800 510 2828.
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Gaúcha ZH