Polícia
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A Polícia Civil investiga um golpe para desviar dinheiro de contas bancárias no Rio Grande do Sul. Além de se fazerem passar por funcionários do banco, golpistas conseguem ter acesso a senhas que autorizam transações e pagamentos, que normalmente são enviadas para os celulares dos clientes.

Moradora de Encantado, no Vale do Taquari, a técnica em Segurança do Trabalho Itamony da Motta Padilha conta ter recebido uma ligação de um número que era o mesmo da Central de Atendimento de um banco. Um homem dizia que a conta dela tinha sido invadida e que precisava conferir alguns dados. Sabia até os últimos dígitos do cartão de crédito.

O golpista pediu a ela o código que aparece no verso do cartão, e que permite realizar compras pela internet. Foi quando ela desconfiou e decidiu não repassar a informação.

“Ali que eu parei e desconfiei que fosse um golpe ou algo assim, porque o banco não iria estar me solicitando esse código de segurança”, supõe a técnica em Segurança do Trabalho Itamony da Motta Padilha.

“Usariam o meu limite de crédito com esse código, fariam alguma transferência com esse código dentro da minha conta, porque me parecia que eles já tinham todos os meus dados”, conta.

Outras pessoas do Rio Grande do Sul alegam que tiveram as contas invadidas no mesmo banco. Um administrador de Porto Alegre, que preferiu não ser identificado, perdeu R$ 10 mil.

“Foram cerca de seis movimentos, dois pagamentos de conta, recarga de celular e quatro transferências para pessoas que eu desconheço, pessoas aleatórias”, relata.

Para realizar pagamentos e transferências, o banco usa um sistema de senhas que dispara códigos para o celular do cliente, o chamado “token”. Só com essa chave eletrônica é possível realizar as movimentações. De alguma forma, o golpista teve acesso a essa senha.

“É revoltante. Em vez de te assaltarem com a arma na cabeça, ou além de te assaltarem com a arma na cabeça, te assaltam digitalmente”, desabafa o homem.

O especialista em Tecnologia Ronaldo Prass suspeita que funcionários de operadoras de telefonia possam estar envolvidos no golpe.

“Já tem histórico de outras fraudes semelhantes em que ocorreu. Então, como é um processo administrativo e é válido para todo o território nacional, nas lojas autorizadas, é possível que você tenha um colaborador de dentro da loja que está cooperando com os golpistas”, desconfia o especialista.

A Polícia Civil gaúcha ainda tenta descobrir como a quadrilha teve acesso aos dados dos clientes.

“Isso é um desafio para nós, descobrir como os bandidos, como essa quadrilha chegou a ter acesso a esses dados da vítima. Se esse acesso foi feito através do telefone celular e dos dados cadastrais das operadoras, se foi feito através do dados dessa pessoa junto à instituição financeira”, afirma o delegado de encantado, Augusto Cavalheiro Neto.

Para não cair no golpe, é preciso ficar atento. “O principal é jamais fornecer dados num recebimento de uma chamada telefônica porque você não tem que fornecer as suas informações para quem está te ligando, ele é que tem que confirmar com você. Você vai confirmar dizendo ‘sim’ ou ‘não’. Você não deve complementar os dados que ele, supostamente, tem. E, principalmente, senha, código de segurança, jamais fornecer por e-mail, mensagem SMS e ligação telefônica”, orienta o especialista em tecnologia.

G1 RS