Foto; Ronaldo Bernardi
Um policial militar, um advogado e um empresário são investigados por suspeita de envolvimento num esquema de agiotagem e extorsão. Uma moradora do Litoral Norte alega ter sofrido ameaças de tortura e de incendiarem seu estabelecimento, caso não quitasse uma dívida. O local chegou a ser alvo de disparos. A Polícia Civil e a Corregedoria-Geral da Brigada Militar cumprem três mandados de prisão temporária nesta quinta-feira (6) em Porto Alegre e Cachoeirinha, na Região Metropolitana.
O caso chegou à polícia no fim do ano passado, quando uma vítima de Xangri-lá procurou ajuda. A mulher relatou ser ameaçada a pagar uma dívida — que, segundo ela, já havia sido quitada. Foi alvo de mandado de prisão nesta manhã o PM Jocimar da Silva Pereira, na zona norte de Porto Alegre. A polícia apreendeu com ele uma pistola, munições e uma máquina de cartão. Os fardamentos da BM também foram recolhidos. Pouco antes de os policiais ingressarem no local, o PM efetuou três disparos contra o próprio telefone celular. Zero Hora busca contato com a defesa do preso.
A polícia segue em busca do advogado e do empresário, investigado por agiotagem. Na casa do empresário, foi apreendida uma arma, munição e cartões bancários.
Durante o cumprimento de buscas na empresa do homem investigado como agiota, a polícia verificou que um funcionário que estava no local tinha mandado de prisão em aberto por homicídio em outro caso sem relação com a extorsão. Em razão disso, este homem foi preso no local.
A polícia pediu as prisões deles à Justiça durante apuração que investiga os crimes de extorsão, associação criminosa e crime contra a economia popular (relativo à agiotagem). Segundo a Polícia Civil, a dona de uma imobiliária buscou o empresário para obter dinheiro emprestado. Ela relatou aos policiais que pegou R$ 300 mil e teria pago cerca de R$ 600 mil. Mesmo assim, segundo a polícia, continuaria sendo cobrada.
— Temos envolvimento de um policial militar, que já foi investigado em 2019 e afastado das funções por prática de milícia e extorsão a comerciantes, um agiota, que se apresenta como empresário, e também um advogado. Os três começam com cobranças exacerbadas de dívidas inexistentes, já quitadas, com juros exorbitantes, trazendo toda a forma de terror, medo, para cobrir dívidas inexistentes ou extremamente abusivas a partir de valores tomados por empréstimos — afirma o delegado Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana.
No início de novembro, um homem foi até um estabelecimento da companheira da mulher e cobrou novo pagamento de R$ 250 mil. Segundo a investigação, tratava-se de um soldado da Brigada Militar, alvo de mandado de prisão nesta manhã. A mulher entregou aos investigadores as conversas que teriam sido trocadas entre os dois neste período.
Em alguns trechos, há ameaças de tortura e de colocar fogo ao estabelecimento. “Não te preocupa que eu não vou te matar, só vou botar fogo em tudo que botar a mão, pra sentir como é ruim perder dinheiro”, diz um deles.
Em outro, as ameaças são direcionadas ao filho da vítima: “Vou torturar teu filho olhando pra ti, matamos um contra dentro da cadeia hoje, tu acha mesmo que vai escapar de mim”.
Segundo a polícia, o PM teria repassado uma conta de Pix para a mulher enviar os valores. Na ocasião, a loja foi alvo de disparos de pistola durante uma madrugada, que estilhaçaram a vidraça. Um veículo passou pelo local por volta das 4h, e o carona atirou na direção do estabelecimento. Menos de uma hora depois, a mulher recebeu novas mensagens intimidatórias.
As imagens de câmeras obtidas pela polícia não permitiram identificar quem foi o autor dos disparos. A suspeita, no entanto, é de que fosse uma forma de fazer com que a vítima efetuasse os pagamentos. Depois disso, a mulher decidiu procurar a Delegacia de Polícia.
Em dezembro de 2019, o soldado Jocimar da Silva Pereira havia sido preso durante uma operação da Corregedoria-Geral da Brigada Militar – ele foi libertado, por decisão da Justiça Militar. Zero Hora busca junto à BM atualização sobre a situação do PM.
A ofensiva na época afastou 11 policiais militares e resultou na prisão de cinco deles. O grupo, que pertencia ao 24ª Batalhão de Polícia Militar em Alvorada, era investigado por cobrança de valores de comerciantes, desvio de material apreendido, associação com traficantes de drogas e com o jogo do bicho.
A investigação apurou que comerciantes vinham sendo cobrados pelos policiais, que prometiam segurança em troca de dinheiro. Quem não pagasse, poderia estar em risco. A apuração também descobriu que drogas e dinheiro apreendidos em ações em pontos de venda não iam para a Polícia Civil, mas para o bolso dos policiais.
Zero Hora busca contato com as defesas dos investigados. O espaço está aberto para manifestação.
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Gaúcha ZH
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