Se em condições normais a Lua já costuma atrair olhares fascinados dos terráqueos, neste mês de agosto o encanto promete ser redobrado. Na quarta-feira (30), quando a meteorologia prevê céu limpo na maior parte do Estado, ocorrerá uma rara combinação: a segunda Superlua em um mesmo mês. Essa condição só vai se repetir em 2037, segundo informações da organização Virtual Telescope Project repassadas à agência de notícias Associated Press.
O termo Superlua é empregado quando o satélite natural está na fase cheia e isso coincide com uma maior proximidade em relação à Terra. Essa conjunção faz com que o disco prateado pareça maior e mais brilhante para o observador, o que vale o epíteto de “súper”.
O fenômeno existe porque a órbita lunar ao redor do globo terrestre não é uma roda perfeita, mas uma elipse — uma espécie de círculo “achatado”. Por essa razão, a distância entre a Lua e a Terra aumenta e diminui ao longo do percurso. O ponto mais distante é chamado de apogeu, e o mais próximo, perigeu.
No apogeu, a distância chega a aproximadamente 405 mil quilômetros, e, no perigeu, pode ficar a menos de 360 mil quilômetros. Na primeira Superlua de agosto, registrada no dia 1º, ela estava a 357.530 quilômetros, mas, na quarta-feira, vai ficar ainda mais perto dos olhos humanos: “apenas” 357.344 quilômetros.
Como resultado da variação na órbita, o satélite pode parecer até 14% maior quando está no perigeu em comparação ao momento em que se encontra mais longínquo.
O segundo componente do evento da quarta-feira é o fato de ser a segunda Lua cheia dentro de um mesmo mês — o que costuma ser chamado de Lua Azul. Não significa que o corpo celeste de fato mude de cor: o termo apenas indica a repetição dessa etapa lunar dentro de um dos meses do calendário ocidental. A combinação entre as duas ocorrências da fase cheia em agosto com a menor distância do globo terrestre em ambos os casos cria, portanto, uma espécie de “Superlua azul”.
O professor de Astronomia da Unipampa Guilherme Marranghello lembra que a Lua Azul decorre da combinação de um fenômeno natural (quando está cheia) com uma criação humana: o calendário adotado principalmente no mundo ocidental. Mas ganha um maior interesse pela combinação disso com a posição em relação à Terra ao longo de agosto.
— Não quer dizer que vá ocorrer um fenômeno muito diferente na natureza. Como o intervalo de duas Luas cheias é de 29 dias, é realmente um pouco difícil encaixar duas no mesmo mês. E é ainda um pouco mais raro que ocorram quando a Lua está mais próxima da Terra. É sempre válido pela curiosidade que isso desperta em relação à astronomia — afirma Marranguello.
A última vez que essa conjunção ocorreu foi em 2018. Segundo o Observatório Nacional, Superluas costumam ocorrer de uma a seis vezes por ano. Já a repetição da Lua cheia em um mesmo mês (Azul) geralmente se repete a cada dois ou três anos, de acordo com a Nasa.
Expectativa de tempo bom
A primeira Superlua do mês ocorreu no dia 1º e pôde ser observada na Capital em razão das condições meteorológicas favoráveis. A meteorologia indica que o tempo deverá estar novamente bom para observar o céu no Rio Grande do Sul já na terça-feira (29), quando a Lua estará quase cheia, mas ainda não tão próxima, e na quarta, quando parecerá ainda maior e mais brilhante.
Diferentemente de outras regiões do país, onde há expectativa de nebulosidade, as condições devem ser favoráveis em praticamente todo o Estado. A Climatempo indica “poucas nuvens” para a região de Porto Alegre na quarta-feira, com temperaturas entre 10°C e 24°C.
O melhor momento para observação é na primeira hora em que a Lua nasce, pois está mais baixa e parece maior em relação aos referenciais de espaço, como prédios e árvores. As próximas Luas cheias vão ocorrer, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nos dias 29 de setembro, 28 de outubro, 27 de novembro e 26 de dezembro.
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