Política

O brasileiro, de alguns anos para cá, começou a se interessar e discutir mais política.

Seja na família, na roda de amigos ou no trabalho. A política virou um tema importante. O que acredito ser muito positivo.

Mas no nosso país o número de filiados a partidos políticos ainda é pequeno em relação a outras democracias.

Por quê?

Penso que vários fatores contribuem para isso.

Primeiramente, o fato de que os meandros da política, estavam até a pouco tempo fechados para o cidadão. E desta forma o povo se resignou a apenas tomar conhecimento das decisões.

Mas com o advento da Internet e a participação mais forte dos movimentos de rua, isso mudou muito.

Outro fator que mantém a maior parte dos cidadãos à distância dos partidos é o fato de que, por vários períodos históricos, o eleitor não tinha participação direta na política, o que vai formando uma cultura de afastamento. Tivemos a ditadura de Vargas. Tivemos um longo período militar que terminou ainda com uma eleição indireta, até que viesse a democratização mais ampla.

Mas o ponto mais nevrálgico deste distanciamento do cidadão com a política e principalmente com os partidos, se deve muito a péssima imagem dos políticos que foi construída através dos tempos.

Os próprios “representantes do povo”, de uma forma geral, não assumem uma linha ideológica firme e coerente ao longo de suas vidas públicas. E desta forma fica difícil para o cidadão escolher um partido que lhe represente e que possa assumir como suas as agendas propostas.

Mas essa falta de credibilidade dos políticos fica mais escancarada quando o assunto sai do universo político e entra nas páginas criminais. O mar de corrupção que assola a política brasileira expõe nossa pior ferida. Uma chaga que mata milhares nas filas de hospitais e mantém milhões doentes sem saneamento básico. Um mal que faz com que um país rico, tenha grande parte do seu povo na pobreza, pagando impostos cruéis e com uma educação cara e ineficiente.

E quando a corrupção é punida e os criminosos são presos, os partidários deles rasgam a ficha, em atitude digna. Os que permanecem mudam de cor e diminuem o tamanho do nome do partido nas suas propagandas eleitorais.

E quando parece que vamos finalmente ser o país do futuro, a quadrilha “volta à cena do crime!”

Fica a pergunta:

Como o eleitor vai ter a confiança no político que, depois de tudo isso, volta a usar as cores e a marca do partido com todo o “orgulho”, como se o passado fosse apagado das mentes do eleitor e as mazelas causadas ao povo, fossem menos importantes do que o poder pelo poder?

Por Carton Cardoso