Região

Há 41 anos, a obra da ERS-518 entre Braga e Campo Novo, no Rio Grande do Sul tem sido uma promessa vazia. Desde o governador Jair Soares, que anunciou o asfalto em uma pomposa celebração no CTG Querência da Saudade, até hoje, a população da região tem sido vítima de promessas políticas que se desmancham no ar, junto com os foguetes disparados nas inaugurações simbólicas.

Desde 1983, a obra da ERS-518 se tornou uma série repleta de episódios marcados por promessas políticas não cumpridas e incompetência das diversas gestões do Governo do Estado. Primeiro, fizeram o asfalto e esqueceram da existência do Rio Turvo. Mais de uma década depois, fizeram a ponte e não fizeram o aterro. O aterro agora está prometido e a esperança da comunidade local é que não esqueçam que ainda será necessário asfaltar e sinalizar o trecho. Uma série que parece ser cômica, mas é trágica.

Em 1983, o então governador Jair Soares (PDS, sucessor da Arena, atual PP) prometeu a pavimentação, mas em seus quatro anos de governo, nada foi realizado. O sucessor, Pedro Simon (1987-1990), foi ainda mais ousado: além de anunciar o asfalto de Braga a Campo Novo, prometeu estender a obra até Redentora. Sim, houve movimento: alguns pontilhões foram construídos. Mas o grosso da obra? Ficou no esquecimento, como um sonho distante para os braguenses.

A história se repetiu de maneira trágica e cômica nos governos seguintes. Alceu Colares (1991-1995) prometeu a conclusão das obras na ERS-317 e ERS-518, ligando Coronel Bicaco a Redentora e Campo Novo a Braga. Mais uma vez, apenas parte da promessa foi cumprida. Os moradores de Coronel Bicaco e Redentora se beneficiaram, mas Campo Novo e Braga permaneceram à margem. Alguém ainda se espanta?

Quando Antonio Brito assumiu o governo (1995-1999), anunciou com pompa a “Transamazônica Gaúcha” (ERS-518), que ligaria Campo Novo a Braga. O resultado? Algumas obras pontuais, como bueiros e pontilhões. A estrada, que deveria ser a espinha dorsal da economia local, seguiu inacabada.

Somente, sob o governo de Tarso Genro (2011-2015), a pavimentação da ERS-518 foi, enfim, executada. No entanto, a incompetência técnica brilhou mais uma vez: esqueceram-se de um pequeno detalhe, o Rio Turvo. Sim, a obra foi feita sem prever a necessidade de uma ponte. E o que é uma estrada asfaltada sem uma ponte? Um monumento à incompetência.

O tempo passou. Em 2020, depois de pressão dos prefeitos de Campo Novo e Braga, a população recebeu outra notícia frustrante: o projeto da ponte não existia. Como solução emergencial, as prefeituras decidiram dividir os custos para elaborar o projeto, porém o mesmo foi rejeita por não atender as especificações técnicas do DAER. As gestões subsequentes precisaram refazer tudo do zero, e só em 2022 ocorreu a licitação e a ponte começou a ser construída em março de 2023. Mas, novamente, a saga da ineficiência continuou: esqueceram do aterro para permitir o tráfego.

O absurdo atinge o seu ápice quando, em novembro de 2023, a obra da ponte que teve um investimento em torno de 6 milhões é paralisada sem fazer o aterro de acesso. A justificativa oficial? As enchentes que atingiram o estado em maio de 2024. Uma explicação que desafia a lógica, já que entre a conclusão da ponte e as enchentes houve um período de mais de seis meses em que nada foi feito. Será que o governo do estado previu a tragédia com uma bola de cristal em novembro e decidiu não agir?

Hoje, prefeitos e lideranças de Campo Novo e Braga estão exaustos de implorar pelo fim dessa obra interminável. A pergunta que fica é: até quando? Até quando a população será refém de promessas que se repetem há mais de quatro décadas, sem solução à vista? Senhor Governador, até quando? Senhores Deputados?

A comunidade precisa desta obra concluída e promete escutar atentamente seus discursos exaltados na inauguração da obra. Aqueles demagogos e costumeiros discursos eloquentes, aos gritos, será aplaudido de forma efusiva, em desabafo ao fim dos 41 anos de descaso.

Enquanto isso, a estrada que deveria impulsionar o desenvolvimento regional permanece um símbolo de negligência, incompetência e descaso colocando em perigo a vida, especialmente dos agricultores, que para passarem com suas máquinas viram verdadeiros malabaristas (Ver Foto).

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Marcos Aurélio Nunes – Observador Regional