Saúde
Foto: Jaqueline Zaboenco Coelho / Arquivo pessoal

A rotina de uma família de Erebango, no norte gaúcho, mudou repentinamente na última terça-feira (5): João Vitor Padilha Torres, 7 anos, foi diagnosticado com um tumor na medula e, desde então, aguarda transferência hospitalar para realizar uma cirurgia de alta complexidade.

O problema começou na segunda-feira (4), quando a criança se machucou durante um jogo de futebol na escola. A lesão parecia simples, mas, mais tarde naquele dia, João já não conseguia movimentar as pernas. Uma série de exames e uma ressonância mostraram, no dia seguinte, o tumor na medula.

Desde que a família soube do diagnóstico, a comunidade do município de 3 mil habitantes se mobilizou para arrecadar recursos a fim de ajudar nas despesas de viagens dos pais da criança. A mãe, Jaqueline Zaboenco Coelho, aguarda angustiada por uma alternativa.

— João sempre foi um guri saudável, o sonho dele é ser jogador de futebol. Agora estou só pedindo pra Deus um milagre, que Deus venha abrir uma porta em um hospital para que ele possa fazer essa cirurgia e começar esse tratamento — disse.

João Vitor está internado no Hospital Santa Terezinha, em Erechim. Segundo a instituição, o menino está estável e sem risco iminente, mas precisa ser transferido para receber o tratamento adequado o quanto antes.

Segundo relatório médico ao qual a reportagem teve acesso, o paciente foi cadastrado no sistema de gerenciamento de internações hospitalares (Gerint) na quarta-feira (6) e regulado ao serviço de oncologia pediátrica para cirurgia.

Conforme o documento, no mesmo dia o paciente foi aceito pelo Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo (HSVP), mas recusado em seguida. O relatório diz que o neurocirurgião do serviço teria se recusado a operar pela falta de neuromonitorização, indisponível via SUS. 

A reportagem procurou o HSVP, que admitiu a negativa inicial. A instituição, no entanto, garantiu que há um leito reservado para a criança e que o procedimento deve ser marcado na próxima semana. Apesar disso, a unidade de Erechim diz que a liberação de leito no sistema do Estado ainda não aconteceu.

HSVP diz que vai custear procedimento

Em relação à disponibilidade da neuromonitorização pelo SUS, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-RS) informou que o procedimento não é oferecido pelo sistema público. Por esse motivo, o HSVP informou que vai custear o procedimento e os honorários médicos.

Em nota (leia abaixo na íntegra), a SES  disse que não pode fornecer dados sobre casos específicos, mas que os pacientes que necessitam de atendimento especializado são regulados conforme avaliação técnica de profissionais de saúde do município de origem e da Central de Regulação.

Nota da Secretaria Estadual da Saúde

“A Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS) informa que, em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a todos os pacientes que aguardam por atendimento e seguem o devido processo técnico de regulação, não pode fornecer dados sobre casos específicos a terceiros. 

Pacientes que necessitam de atendimento especializado são regulados conforme avaliação técnica de profissionais de saúde do município de origem e da Central de Regulação. 

É esta avaliação que determina as prioridades, a situação de saúde e as condições de transporte do paciente, entre outros critérios. 

Dessa forma, é possível  definir o momento adequado e seguro para a realização de  procedimentos e transferência de pacientes. Se o paciente entrou com pedido judicial ou administrativo, ele ou familiares podem acompanhar os trâmites e o andamento do pedido nos respectivos órgãos”. 

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Gaúcha ZH