
“Só uma para hidratar”. Com a chegada do verão e a proximidade das celebrações de final de ano, como Natal e Réveillon, esta é uma frase recorrente antes da ingestão de cerveja ou de outra bebida alcóolica. Apesar da sensação de refrescância, especialistas destacam que bebidas alcoólicas não hidratam, pelo contrário, aceleram o processo de desidratação do corpo, além de serem tóxicas ao nosso organismo.
Uma vez ingerido, independentemente da dose, o álcool inibe o hormônio antidiurético e impede que os rins retenham água, o que contribui para a desidratação do corpo, explica o doutor Giovani Gadonski, chefe do Serviço de Clínica Médica do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e professor da Escola de Medicina da instituição.
— É clássico, tu estas tomando cerveja e tem a vontade de urinar. O álcool não é uma forma de hidratação, com dias muito quentes as pessoas bebem e acham que estão se hidratando, mas não estão — explica o doutor Giovani Gadonski, chefe do Serviço de Clínica Médica do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e professor da Escola de Medicina da instituição.
Incialmente, o álcool libera uma sensação de “euforia”, facilmente confundida com prazer, segundo Gadonski. Em curto prazo, conforme o consumo prossegue, a bebida torna a pessoa sonolenta e causa uma série de complicações.
— Quando passa de um certo ponto, causa um efeito que diminui o estado de excitação, a pessoa fica com sono, preguiça, sem vontade de fazer nada, perda dos reflexos. Há casos de intoxicação, que são quando a pessoa apresenta náuseas e vomita.
O consumo de álcool não é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), independentemente da quantidade. Estima-se que uma dose “não tóxica” fique abaixo de 15 gramas, o que representaria cerca de três latas de cerveja. No entanto, o valor varia de pessoa para pessoa.
— Incialmente, o álcool é absorvido pelo estômago e por lá já causa pequenas lesões. Ele circula na corrente sanguínea e depois é liberado nos rins, onde tem esse efeito diurético e também prejudica neurônios do sistema nervoso central. É uma toxicidade direta, é como se estivesse pingando algo tóxico na pele — explica.
Consumo consciente
Apesar de não recomendar o consumo de bebidas alcóolicas, Gadonski destaca que algumas práticas podem ajudar a equilibrar os efeitos no corpo humano. O álcool provoca uma falsa sensação de saciedade, por isso é importante estar bem alimentado antes de beber.
— Além dos efeitos, tem as calorias que não alimentam. São calorias vazias, tu vais tomar uma bebida alcóolica e ter uma sensação de saciedade, não vai ter fome, mas ela não te dá energia para te manter. O mais interessante é alimentar-se adequadamente, não beber sem ter comido nada.
Gadonski salienta que a melhor forma de evitar prejuízos é manter-se hidratado, intercalando o consumo das bebidas alcóolicas com algum tipo de água — seja mineral, tônica ou de coco. O especialista listou alguns alimentos que podem ajudar na diminuição de absorção do álcool no estômago e diminuir os efeitos da substância no organismo:
- Gordura saudável, como abacates, nozes e sementes
- Fibras, a partir de vegetais, frutas e grãos integrais
- Carne de gado
- Ovos
- Laticínios
- Peixe
Doces também podem ser ajudar, mas Gadonski alerta que eles não “solucionam a intoxicação”. A glicose repõe as calorias não consumidas “durante a bebedeira” e que deveriam levar energia ao corpo.
— Por conter calorias de rápida absorção, podem ajudar na diminuição de absorção do álcool, mas a substância segue circulando durante horas no sangue. Digamos que ela ocupa o espaço das calorias que tu deixaste de ingerir e disponibilizar para o funcionamento do cérebro e do coração — explica.
Complicações
A dor de cabeça provocada pela tradicional ressaca no dia seguinte é o menor dos problemas causados pelo álcool. O consumo constante e em longo prazo pode desencadear complicações em diferentes partes do corpo. Uma das condições graves que o consumo excessivo de bebidas alcóolicas pode desencadear é a síndrome de Wernicke – Korsakoff.
A substância diminui a absorção de vitamina B1 e possibilita o desenvolvimento da doença, que se origina de uma lesão no diencéfalo – região do cérebro que atua no sistema sensorial e que auxilia a regular os hormônios no corpo. O especialista ainda ressalta que se o consumo for constante, pode possibilitar o desenvolvimento de diferentes tipos de cânceres.
— O uso excessivo pode levar a miocardiopatia dilatada, doença que dificulta os batimentos do coração. Pancreatite, uma inflamação no pâncreas que pode causar falência do órgão, além de quadros como câncer de mama, de estômago, intestino e na boca ou faringe, até o fígado.
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Gaúcha ZH