Saúde
Hospital no RS — Foto: Reprodução/RBS TV

Especialistas da área da saúde estimam que a negativa familiar impede cerca de 40% de doação de órgãos no Rio Grande do Sul. Dados de 2022 da Secretaria Estadual da Saúde mostram que 227 casos, que poderiam ter resultado em uma doação, não foram feitos por desejo das famílias.

“Em torno de 40 a 45% de negativa, quase a metade dos casos em que a gente diagnostica a morte encefálica e que se poderia fazer a captação de órgãos não é feita porque a família nega essa possibilidade. A maior parte dos casos em que a família nega é por dizer que desconhece se o falecido era doador ou não, se tinha vontade que fossem doados os órgãos dele”, diz o coordenador adjunto da Central Estadual de Transplantes, Rogerio Caruso.

Uma ação dos cartórios do Rio Grande do Sul, que começou na última sexta-feira (31), busca incentivar a doação. Agora, qualquer pessoa pode fazer uma declaração gratuita de que é doadora de órgãos e tecidos. O desejo manifestado em vida tem como objetivo sensibilizar as famílias a autorizarem os transplantes.

O documento pode ser feito em todos os cartórios do estado. Um acordo feito com a Secretaria Estadual de Saúde e o Poder Judiciário permite que as informações sejam compartilhadas com os hospitais.

“O Rio Grande do Sul é pioneiro na criação da primeira central notarial de doação de órgãos. A partir da inauguração dessa central qualquer cidadão pode ir a qualquer tabelionato e se declarar doador de órgãos, de forma gratuita, através de uma escritura pública que tem caráter sigiloso e imediatamente é disponibilizada às autoridades médicas, que podem, diante de um possível doador, consultar essa central e então se utilizar dessa escritura como meio de convencimento das famílias para que seja autorizada a doação de órgãos”, descreve a tabeliã Rita Bervig.

Atualmente, pelo menos três mil pessoas aguardam para fazer um transplante de órgãos no estado, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. No ano passado, foram 591 transplantes realizados. Mas o número poderia ser maior caso as famílias autorizassem o procedimento.

Caruso explica que, apesar de a autorização em cartório não ter um valor jurídico de obrigação, já que a família não é obrigada a aceitar a doação, o documento pode facilitar.

“Vai facilitar em vários pontos porque primeiro, a pessoa vai ter feito a declaração em algum momento, que muitas vezes poderia ter passado a vida inteira sem ter falado nisso, e segundo pode não ter valor jurídico mas tem valor moral. Qual é o familiar que não vai obedecer a vontade do falecido se ele registrou em cartório que ele tinha essa vontade?”.

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G1 RS