Saúde
Visão microscópica do linfoma de não-Hodgkin. Foto: LASZLO / stock.adobe.com

O linfoma é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, que inclui os linfonodos (gânglios linfáticos), baço, timo e medula óssea. Ele afeta as estruturas responsáveis pelo controle de líquidos no organismo e pela produção de células de defesa. O Dia Mundial de Conscientização sobre o Linfoma, em 15 de setembro, reforça a necessidade de reconhecimento rápido dos sintomas e o início do tratamento precoce.

Segundo a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), cerca de 70% da população mundial não sabe o que são linfomas, que acometem principalmente pessoas entre 15 e 30 anos e acima dos 60. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, em 2024, cerca de 15 mil novos casos de linfomas serão diagnosticados no Brasil, com  aproximadamente 4 mil mortes em decorrência da doença.

Breno Gusmão, onco-hematologista do Comitê Médico da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), explica que os linfomas se originam nos linfócitos, tipo de células do nosso sistema imune que fazem parte dos glóbulos brancos do sangue. Eles se dividem em dois grupos: 

  • Hodgkin 
  • não-Hodgkin 

— Os linfomas podem ser de vários tipos, dependendo do comportamento e características da célula e da fase de maturação em que ela se encontra — esclarece Gusmão.

Os linfomas de Hodgkin representam cerca de 20% dos casos e são caracterizados pela presença das células de Reed-Sternberg. Esse tipo de linfoma é mais comum em adultos jovens, na faixa dos 20 a 30 anos. Já os não-Hodgkin são mais variados, com mais de 80 subtipos diferentes.

Sintomas e diagnóstico

Entre os sintomas mais comuns estão o inchaço dos linfonodos, representados por caroços duros e indolores que aumentam de tamanho, geralmente perceptíveis no pescoço, virilha e axilas. Outros sinais incluem:

  • Perda de peso inexplicável
  • Febre
  • Cansaço extremo
  • Suor noturno excessivo

Em alguns casos, dependendo da área afetada, os sintomas podem variar, como alterações na voz se o linfoma atingir a garganta ou dor abdominal, caso atinja o abdômen.

— O inchaço nos gânglios linfáticos é um dos principais sinais, mas outros sintomas como febre constante e cansaço devem ser levados em consideração — alerta Gusmão.

O diagnóstico do linfoma é feito principalmente por meio de biópsia, em que uma amostra de tecido dos linfonodos aumentados é analisada pelo hematologista. 

É uma condição relativamente fácil de diagnosticar, mas exige atenção aos sintomas para que a doença seja identificada precocemente.

BRENO GUSMÃO

Onco-hematologista do Abrale

Tratamento e prevenção

O tratamento dos linfomas varia conforme o tipo e estágio da doença. Existem dois grandes grupos: linfomas agressivos e indolentes. Os indolentes, de crescimento mais lento, são tratados com bons resultados, mas têm maior chance de recidiva. Já os agressivos, que se desenvolvem rapidamente, respondem melhor ao tratamento e apresentam maior chance de cura.

A maioria dos pacientes são tratados com quimioterapia e imunoterapia. Outras opções, como o transplante de medula óssea e terapias mais modernas, como CAR-T cells, também estão disponíveis. 

— São terapias que treinam o sistema imunológico para reconhecer e destruir as células doentes, oferecendo um tratamento mais preciso.

Quanto à prevenção, a ciência ainda não definiu fatores específicos que causem o linfoma, mas manter um estilo de vida saudável e evitar a exposição a substâncias tóxicas, como agrotóxicos e radiação, pode ajudar a reduzir os riscos.

Diagnóstico é essencial

Segundo Marcelo Capra, hematologista da Santa Casa de Porto Alegre, o diagnóstico está acessível tanto na rede pública quanto privada, mas falta conhecimento da população para procura de diagnóstico nos primeiros sintomas:

O importante é que as pessoas conheçam seu corpo e, ao notar algo anormal, procurem atendimento médico.

MARCELO CAPRA

Hematologista da Santa Casa de Porto Alegre

No Brasil, os linfomas são o oitavo tipo de câncer mais comum, com uma incidência de cerca de seis casos para cada 100 mil habitantes, sendo mais frequente em homens. 

— A conscientização sobre a doença é crucial para que mais pessoas busquem diagnóstico e tratamento precoces, aumentando as chances de cura — finaliza o especialista. 

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Gaúcha ZH