Saúde
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Quando tomado nos primeiros sinais de crise de enxaqueca, um medicamento chamado ubrogepant pode interromper o processo antes do início da dor. Na prática, isso significa que as pessoas podem seguir com suas atividades diárias com poucos ou nenhum sintoma, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica Neurology.

A pesquisa focou em pessoas com enxaqueca que conseguem perceber quando uma crise está prestes a acontecer, devido a sintomas iniciais como sensibilidade à luz e ao som, fadiga, dor ou rigidez no pescoço e vertigem.

O ubrogepant é um medicamento de uma nova classe chamada antagonista do receptor do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina ou inibidor de CGRP. O CGRP é uma proteína que desempenha um papel fundamental no processo da enxaqueca.

O primeiro fármaco dessa classe de medicamentos é chamado erenumabe e foi aprovado pela FDA, agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, em 2018. Ela foi a primeira a atuar na causa da enxaqueca e age bloqueando a ação da substância química inflamatória responsável por desencadear a dor.

“A enxaqueca é uma das doenças mais prevalentes no mundo, mas muitas pessoas que sofrem dessa condição não recebem tratamento ou relatam não estar satisfeitas com ele” diz o médico Richard B. Lipton, da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova York, membro da Academia Americana de Neurologia e autor do estudo.

“Melhorar o atendimento nos primeiros sinais de enxaqueca, mesmo antes do início da dor de cabeça, pode ser crucial para melhorar os resultados. Nossas descobertas são encorajadoras e sugerem que o ubrogepant pode ajudar pessoas com enxaqueca a funcionar normalmente e seguir seu dia”, completa.

O trabalho envolveu 518 participantes que tinham enxaqueca há, pelo menos, um ano e de dois a oito crises por mês, nos três meses anteriores ao estudo. Todos os participantes frequentemente experimentavam sinais de que uma enxaqueca estava prestes a começar dentro das próximas horas. Os participantes foram convidados a tratar duas crises, durante um período de dois meses.

Os pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos. O primeiro grupo recebeu um placebo para o primeiro conjunto de sintomas pré-dor de cabeça de enxaqueca, seguido pela administração de 100 miligramas de ubrogepant para o segundo episódio. O outro grupo tomou ubrogepant para o primeiro episódio e placebo na crise seguinte.

Os participantes avaliaram as limitações em suas atividades em um diário usando uma escala que variava de zero a cinco, com 0 significando “não limitado de forma alguma — pude fazer tudo”; 1, “um pouco limitado”; 2, “um tanto limitado”; 3, “muito limitado”; ou 4, “extremamente limitado”.

Vinte e quatro horas após tomar o medicamento ou o placebo, 65% das pessoas que tomaram ubrogepant se consideraram “não limitado de forma alguma — pude fazer tudo”, ou “um pouco limitado”, em comparação com 48% daqueles que tomaram o placebo.

Os pesquisadores descobriram que apenas duas horas após a medicação, os participantes tinham 73% mais probabilidade de relatar que estavam “sem dor, capazes de funcionar normalmente”, do que aqueles que tomaram o placebo.

O pesquisador observa que os participantes mostraram que, com base nos sintomas de alerta de dor de cabeça, podiam prever de forma confiável as dores de cabeça iminentes. Portanto, esse resultado se aplica apenas a pacientes com esse perfil.

Condição neurológica

A enxaqueca não é apenas uma dor de cabeça. Além de ser o pior tipo de cefaleia, a enxaqueca é uma doença neurológica, genética e crônica que afeta 15 em cada 100 indivíduos, o que equivale a 30 milhões de pessoas no Brasil que sofrem com episódios recorrentes e muitas vezes incapacitantes do distúrbio.

Dependendo da intensidade, as crises causam dor, quase sempre unilateral, na fronte e na têmpora, náusea, o vômito e uma alta sensibilidade à luz e qualquer ruído, por um período que varia de quatro a intermináveis 72 horas. Embora seja uma condição genética, os hábitos de vida podem ajudar a desencadear ou prevenir o surgimento da enxaqueca e diminuir sua intensidade.

Para evitar a condição, a recomendação é evitar alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas ou ainda ficar longos períodos sem comer. Além disso, o ideal é evitar o excesso de peso e o estresse, praticar exercícios e se manter hidratado. As informações são do jornal O Globo.

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O Sul