Saúde
Foto: Pedro Piegas (Diário)

Os Pronto-Atendimentos da cidade, que são a porta de entrada de pacientes com suspeita e complicações pela Covid-19, também vêm enfrentando situações de alerta e alta demanda nos últimos dias. Na semana passada, a UPA 24h registrou nove mortes em um intervalo de cinco dias – de segunda a meio-dia de sexta-feira. No último domingo, mais dois pacientes morreram no local com a confirmação do vírus. Na terça, o boletim da prefeitura apontou mais um. Um cenário nunca antes vivenciado pela unidade durante a pandemia.

– As pessoas, que têm procurado atendimento, estão chegando mais graves, e estão evoluindo muito rápido para uma intubação e para entrar em ventilação mecânica. A equipe está sobrecarregada, e ela sofre junto com o paciente, com o familiar. Na semana passada tivemos durante dois dias da semana quatro óbitos, em um único dia. Isso é assustador. Esses dias, antes de intubarem uma paciente, ela pediu para ligar para a família. Ela conversou com os filhos, foi intubada e posteriormente foi a óbito. Isso é muito difícil – relata a administradora da UPA 24h, Manuela Trevisan.


Foto: Renan Mattos (Diário)

No Centro de Atendimentos e Diagnósticos (CAD), localizado na Avenida João Luiz Pozzobon, três óbitos de pacientes com Covid-19 foram registrados na última semana. Segundo a enfermeira responsável pelo atendimento 24 horas, Suelen Pizato Fortes, todos os pacientes que morreram estavam aguardando por leitos de UTI em hospitais da cidade. Outros dois foram apontados pelo boletim desta terça. Desde a semana passada a unidade está fechada para internações de pacientes não Covid. Em frente ao CAD, uma tenda de triagem foi montada para separar os pacientes com sintomas dos outros.

– Os casos clínicos de outras patologias ainda estão sendo atendidos, mas fechamos a nossa ala e, agora, são 21 leitos clínicos Covid. A gente adaptou mais dois leitos não Covid e uma sala com poltronas para medicação, também para pacientes não Covid, que são atendidos e, caso necessitem de internação, podem ocupar esses dois leitos isolados, ou então são encaminhados para outra instituição, como o Hospital São Francisco, que está absorvendo esses pacientes – explica.

Apesar de se prepararem para o enfrentamento da Covid-19, os profissionais relatam estar esgotados.

– Não é nada comum ter um número assim de mortes. Já acontecia, mas era muito raro, e agora tem acontecido com mais frequência. E o psicológico dos profissionais mexe bastante. Nós estudamos para isso, estamos preparados, mas não dessa maneira, com esse impacto – conclui a enfermeira.

DSM