Foto: Divulgação
A gaúcha Giovanna Carello Collar, 27 anos, foi eleita uma das jovens pesquisadoras mais promissoras do mundo nas investigações sobre a doença de Alzheimer. Aluna de doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ela foi premiada com o One to Watch, concedido pela Alzheimer’s Association International Conference (AAIC), e recebeu uma bolsa de estudos para realizar parte de seu doutorado na Universidade de Harvard.
A premiação é voltada a pesquisadores em início de carreira com contribuições relevantes e potencial de liderança nas pesquisas da área de neurociência. Giovanna foi a única brasileira entre os quatro cientistas selecionados por um comitê internacional de especialistas. Mas apesar do reconhecimento internacional, ela afirma que seu sonho é fundar um laboratório dedicado ao Alzheimer no Brasil.
A doença é considerada um transtorno neurodegenerativo progressivo que afeta o sistema nervoso, causando perda de memória, dificuldade de atenção, alterações de humor, entre outros sintomas. Segundo dados da AAIC, aproximadamente 7 milhões de pessoas têm a doença nos Estados Unidos, podendo, até 2050, subir para cerca de 13 milhões. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, o Alzheimer afeta 1,2 milhão de pessoas e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.
No Zimmer Lab, coordenado pelo neurocientista Eduardo Zimmer na UFRGS, Giovanna desenvolve pesquisas sobre fatores de proteção e resiliência à doença. Seu foco está na hipótese de que o Alzheimer pode ter origem ainda na fase do neurodesenvolvimento, antes mesmo dos primeiros sintomas clínicos.
Entre os principais achados, ela investiga uma mutação no gene da relina — proteína essencial para o desenvolvimento cerebral —, que parece conferir proteção contra o acúmulo da proteína tau, um dos marcadores clássicos da doença. A jovem também estuda o papel dos astrócitos, células do sistema nervoso, e como suas alterações precoces podem indicar o surgimento do Alzheimer. O objetivo é abrir caminhos para estratégias preventivas e diagnósticos cada vez mais precoces.
A trajetória de Giovanna começou em 2015, quando ingressou no curso de biomedicina da UFRGS com o propósito de estudar Alzheimer. Em 2019, graduou-se e logo iniciou o mestrado no laboratório de Zimmer, concluído em 2022. Em sua formação, destaca também a experiência no exterior.
“Fiz um semestre de farmácia biomédica em Portugal, na Universidade de Coimbra, por meio de um processo seletivo da UFRGS. Tinha 20 anos na época e foi uma experiência transformadora, não só pelo estudo, mas também pela oportunidade de conhecer novas pessoas, estar morando em um país diferente”, conta.
A motivação para seguir esse caminho veio da família: “Minha avó teve Alzheimer, então, quando eu era pequena, pensava que eu poderia ajudar as pessoas a evitar passarem por isso. E a minha mãe é cientista, então eu cresci neste ambiente de ciência e, com certeza, isso foi determinante para eu seguir essa área e conseguir concretizar o desejo que eu tinha de ajudar as pessoas.”
Giovanna conta que não esperava que sua trajetória ganhasse repercussão internacional. “Na verdade, nunca imaginei que um dia fosse ganhar esse prêmio. A minha ideia foi sempre ser uma pesquisadora que tivesse contribuições importantes para a área, mas nunca pensei que isso fosse para a mídia. Houve diversos comentários de pessoas me incentivando e me agradecendo pela pesquisa, esse reconhecimento tão grande me pegou de surpresa.”
Com a visibilidade do prêmio, a pesquisadora também conquistou uma bolsa de estudos da Fulbright para realizar parte do doutorado em Harvard, em Massachusetts (EUA). Com isso, ela ficará por nove meses na cidade de Cambridge, desenvolvendo pesquisas em uma das instituições mais respeitadas do mundo.
Apesar das oportunidades no exterior, Giovanna afirma que seus planos são continuar trabalhando no país verde-amarelo: “Seria a realização de um sonho conseguir concretizar um laboratório ou um instituto que pesquise sobre o Alzheimer aqui no Brasil.”
Ela também reforça a importância de apoiar a produção científica no país. “Minha mensagem é para todos seguirem acreditando no nosso potencial. A gente, muitas vezes, não tem financiamento ou um apoio tão grande, mas se a gente tiver uma rede de cientistas que estão aqui, no Brasil, a gente se torna mais forte. Acreditar que nós temos potencial para fazer a diferença estando no nosso país e pesquisando com brasileiros. Meu objetivo é ficar.”
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