Por muito tempo, ignorar a primeira refeição do dia foi apontado por profissionais da saúde como um dos vilões que poderiam levar ao aumento de peso, aumento da fome durante o dia e até compulsão alimentar. Mas será que isso é mesmo verdade?
Na nutrição, assim como em outras áreas da saúde, as verdades podem servir para uma parte da população e não fazer nem cócegas em outra parte. Sobre o café da manhã, por exemplo, estudos atuais apontam que ele não é o salvador da pátria em relação aos hábitos alimentares do restante do dia, ou seja, o fato de tomar café não garante que o indivíduo faça boas escolhas alimentares no decorrer do dia. Portanto, tal refeição não estaria associada diretamente à dimunuição do sobrepeso/obesidade.
Hoje, defendo (e boa parte dos meus colegas nutricionistas também) a individualidade bioquímica. Mas o que é isso? De forma simplificada, cada indivíduo é único com características genéticas e bioquímicas singulares. Então, se o café da manhã te agrada e te faz bem, e se você consegue fazê-lo com boas escolhas alimentares, ótimo! Por outro lado, se você não sente nenhuma fome pela manhã e o café te deixa até enjoado, está tudo certo! Você não precisa mais ser crucificado por isso, como se tivesse fazendo a pior coisa do mundo. Aliás, sabemos hoje que prolongar horas de jejum, utilizando o período da noite pode ser benéfico à saúde. É o famoso jejum intermitente – mas isso é tema para a próxima semana!
Então, com ou sem café da manhã, o que vale mesmo é o que fazemos durante a nossa rotina alimentar como um todo. O mais importante são nossas escolhas durante o período alimentado – seja ele iniciado às 6 horas ou ao meio-dia. Isso me tranquiliza muito, pois qualquer prescrição de dieta deve partir desse princípio: cada ser humano é único e o remédio pra um pode ser o veneno para o outro!
Agora eu volto a perguntar: para você, qual a refeição mais importante do seu dia? Gisele S. Berardi (Nutricionista)/Correio do Povo