Estudo desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que pessoas com maior nível de satisfação com a vida têm mais chances de apresentar melhor saúde cardiovascular.
A pesquisa é resultado da análise de dados de quase 13 mil participantes da segunda bateria de exames presenciais do Elsa-Brasil, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, realizada de 2012 a 2014. Criado em 2008, o Elsa acompanha a saúde de servidores públicos de instituições de ensino e pesquisa de seis capitais brasileiras para investigar a incidência e a progressão das doenças crônicas não transmissíveis no país.
Já havia evidência científica de que a satisfação com a vida está associada a um menor risco de adoecer. “Porém, poucos estudos examinaram se a satisfação com a vida poderia promover saúde, especialmente a cardiovascular”, afirma a pesquisadora Aline Eliane dos Santos, à frente do trabalho na UFMG.
O demonstrado é que indivíduos mais satisfeitos podem, por exemplo, adotar mais os comportamentos saudáveis, como a prática de atividades físicas, o que resultaria em melhor saúde cardiovascular.
Aline também ressalta que esse é o primeiro estudo que aborda a relação entre a satisfação com a vida e saúde cardiovascular e mortalidade utilizando dados de uma população brasileira.
“É importante estudar a satisfação com a vida em diferentes populações, pois ela é influenciada pelo contexto social, econômico e cultural em que as pessoas vivem. Esses resultados são particularmente importantes para o Brasil, já que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no país”, argumenta a pesquisadora.
A saúde cardiovascular, definida pela ausência de doenças cardiovasculares e de seus fatores de risco, foi avaliada pelo Escore de Saúde Cardiovascular Ideal, proposto pela American Heart Association. Ele é composto de dois subescores: o de fatores comportamentais e o de fatores biológicos. O subescore de fatores biológicos considera as medidas de glicemia de jejum, pressão sanguínea, índice de massa corporal e colesterol total, enquanto o subescore de fatores comportamentais avalia aspectos como prática de atividade física, alimentação saudável e ausência de tabagismo. Ao analisar separadamente os dois subescores, maiores níveis de satisfação com a vida foram associados somente ao subescore de comportamentos.
Risco de morte
O estudo ainda mostrou que níveis baixos de satisfação com a vida estão associados com maior mortalidade por todas as causas em adultos de até 65 anos.
Segundo Aline, esses resultados corroboram o entendimento da satisfação com a vida como indicador relevante de saúde e desenvolvimento econômico e social.
“Indicadores tradicionais de desenvolvimento, como o PIB per capita, têm sido insuficientes para medir o bem-estar da população. Como a satisfação com a vida é fortemente influenciada pelos determinantes sociais, como renda, emprego, escolaridade, altos níveis de satisfação seriam reflexo de políticas de bem-estar social bem estabelecidas. Esperamos que os resultados atuais e pesquisas futuras colaborem para fortalecer a inserção da avaliação da satisfação com a vida em inquéritos nacionais de base populacional, como as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, propõe.
Receba as notícias do Três Passos News no seu celular:
https://chat.whatsapp.com/D4BIJEmkBRXIgFPzTVyxjg
O Sul