Saúde
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Uma doença silenciosa na maioria dos casos, mas considerada uma das principais causas de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Assim pode ser definido o colesterol elevado, que atinge 40% da população brasileira, de acordo como Ministério da Saúde. A necessidade do controle dos níveis é um dos objetivos do Dia Nacional de Combate ao Colesterol, que ocorre nesta segunda-feira (8).

O colesterol, em si, não é um problema: trata-se de uma gordura responsável por manter as células em funcionamento para produção de hormônios e da bile, metabolização de vitaminas, entre outras funções importantes do organismo. Além disso, está presente em diversos órgãos, como coraçãocérebro, fígado, intestinos e músculos. Estima-se que o corpo produza, no fígado, cerca de 70% do colesterol; o restante é resultado da alimentação.

No entanto, existem dois tipos de colesterol: o HDL, chamado de “colesterol bom”, e o LDL, conhecido como “colesterol ruim”. O colesterol elevado, o ruim, é uma das causas da aterosclerose, doença em que ocorre o estreitamento e endurecimento das artérias. 

O colesterol ruim (LDL) tem grande capacidade de se acumular nas artérias. O colesterol bom (HDL) faz o contrário: ao invés de ir para as artérias e se acumular, ele limpa o colesterol ruim que está acumulado nos tecidos. Por isso, o objetivo é simples: diminuir o colesterol ruim e aumentar o bom. Para isso, de modo geral, são necessárias duas situações: dieta saudável e atividades físicas na rotina do paciente.

DÉBORA LORO

Médica do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento

O LDL prejudica ou mesmo impede o fluxo do sangue a órgãos vitais – coração, o cérebro e os intestinos – devido ao acúmulo de placas de gordura, de acordo com Débora Loro, médica do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre.

— O colesterol ruim tem grande capacidade de se acumular nas artérias. O colesterol bom faz o contrário: ao invés de ir para as artérias e se acumular, ele limpa o colesterol (ruim) que está acumulado nos tecidos — explica.

Por isso, o objetivo é simples: diminuir o colesterol ruim e aumentar o bom. Para isso, de modo geral, são necessárias duas situações: dieta saudável e atividades físicas na rotina do paciente. Assim, é possível evitar que o paciente desenvolva doenças cardiovasculares, responsáveis por cerca de 400 mil mortes por ano no Brasil, de acordo com Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Até as crianças estão apresentando problemas

Por ser uma doença silenciosa, o colesterol elevado só é detectado por meio de exames de sangue, que devem ser feitos periodicamente, de acordo com a médica do Moinhos de Vento. Assim é possível observar possíveis alterações e determinar uma solução, que pode ser a mudança de hábitos ou, nos casos mais graves, a prescrição de medicamentos.

Mas engana-se quem acredita que pessoas com o peso considerado ideal, que fazem dieta e exercícios diários estejam livres da doença. Isso ocorre porque a hereditariedade pode determinar um colesterol alto mesmo em indivíduos com hábitos saudáveis. Por isso, o cuidado diário com a saúde deve ser acompanhado da verificação periódica das taxas por meio de exames de sangue.

E problemas com colesterol elevado não são exclusivos de adultos: crianças também podem sofrer com a doença desde os primeiros anos de vida. Algumas delas “herdam” o problema dos pais e precisam de acompanhamento profissional e de medicamentos pelo resto da vida para controlar o colesterol. 

Se não tratado de forma adequada, diz Débora Loro, a condição aumenta o risco de infartos e outros problemas na vida adulta, mesmo antes dos 30 anos. Outros casos notados em crianças, entretanto, ocorrem devido ao estilo de vida dos indivíduos dessa faixa etária, diz a cardiologista do Hospital Moinhos de Vento:

— Vemos muitas crianças com o colesterol elevado, causado pelo aumento da obesidade infantil, pela má alimentação, pela redução de exercícios físicos. Por isso, precisamos atuar na prevenção, pois é uma questão de saúde dessa população.

Jonathan Sarmento / Arte GZH
O LDL prejudica ou mesmo impede o fluxo do sangue a órgãos vitais devido ao acúmulo de placas de gorduraJonathan Sarmento / Arte GZH

O fator alimentação

Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cardiologia mostrou que 67% das pessoas desconheciam os valores dos níveis de colesterol do próprio organismo. Essa é uma situação recorrente também na rotina de trabalho de Pedro Pimentel Filho, membro da SBC e cardiologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. 

Na maioria dos casos, o colesterol elevado é uma doença assintomática. A pessoa só vai ter problema quando tiver um infarto, um derrame, quando a artéria já tiver placas de gordura. Por passar muito anos sem sintomas, ela não procura tratamento precoce. Mas é um problema, porque o colesterol é o principal fator de risco para o infarto.

PEDRO PIMENTEL FILHO

Membro da SBC e cardiologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição

Para o médico, o entendimento da população frente ao problema está “aquém” do ideal. Isso ocorre por uma característica:

— Na maioria dos casos, é uma doença assintomática. A pessoa só vai ter problema quando tiver um infarto, um derrame, quando a artéria já tiver placas de gordura. Por passar muito anos sem sintomas, ela não procura tratamento precoce. Mas é um problema, porque o colesterol é o principal fator de risco para o infarto, segundo diversos estudos.

O cardiologista reafirma a importância do exercício físico e da alimentação saudável para controlar os níveis de colesterol. A indicação para evitar o colesterol elevado é, primeiro, evitar dois tipos de alimentos: as gorduras saturadas (aquelas de origem animal, como manteiga, nata, queijo, creme de leite, banha) e as gorduras trans (sorvetes industrializados, batata congelada pré-frita, salgadinhos, pipoca de micro-ondas são exemplos).

Excluídos esses, o conselho é manter uma alimentação rica em fibras, com baixo teor de gorduras saturadas, e incluir na dieta óleos vegetais, castanhas, carnes magras, peixes, e alimentos com baixo teor de carboidratos. O cardiologista do Conceição chama atenção para aqueles hábitos alimentares que podem parecer saudáveis, mas que prejudicam o organismo:

— Muitos jovens fazem dieta hiperproteica (rica em proteínas) para ficarem magros e adquirir músculos, mas essas dietas, muitas vezes, elevam bastante o colesterol.

Mas há casos nos quais nem uma alimentação saudável e hábitos de exercícios são capazes de resolver o colesterol elevado, devido a problemas no funcionamento do fígado. Por isso, de acordo com o especialista, as pessoas têm de fazer exames periódicos de sangue e para identificar e minimizar os efeitos da doença com um tratamento adequado.

Como evitar o colesterol elevado

Três recomendações básicas 

  • Procurar um médico e fazer exames de sangue periódicos
  • Manter uma dieta saudável
  • Criar uma rotina de exercícios físicos

O que não comer

  • Creme de leite e derivados do leite integral
  • Carnes gordurosas
  • Frituras e empanados
  • Embutidos: salames, linguiças, salsichas e presuntos, porque são ricos em gorduras de origem animal
  • Sorvete industrializado

O que comer

  • Alimentos ricos em fibras: aveia, pão integral, arroz integral, macarrão integral
  • Frutas e vegetais: de preferência crus e com casca para aumentar
  • Leguminosas: feijão, grão de bico, lentilhas e soja
  • Frutos secos: nozes, amêndoas, castanha do Pará e amendoim
  • Leite e derivados lácteos desnatados
  • Carnes brancas: frango, peixe e peru

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