Sete em cada dez mulheres com câncer no Brasil são abandonadas durante o tratamento. Uma pesquisa divulgada este ano pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) revela que o abandono impacta 70% das pacientes oncológicas.
“Esse reflexo no meu consultório é muito real e chega com muito sofrimento. Algumas histórias são muito impactantes. Todas doem, mas algumas são muito doidas, porque a gente percebe que alguns abandonam a mulher ao longo do tratamento porque percebem que não vão dar conta. Também é comum traição envolvida no abandono”, explica a médica anestesiologista Meira Souza, especialista em tratamento de dor e construção de saúde.
A médica se lembra de uma paciente que vivia com um companheiro há 12 anos e, quando ela foi diagnosticada com câncer de mama e contou para ele que teria que fazer uma mastectomia, ele trocou as chaves de casa. “Quando ela tentou entrar, ele gritava lá de dentro que ela estava louca de achar que ele iria continuar convivendo com uma mulher aleijada”, lembra Meira.
De acordo com o médico André Kot, cuidar da parceira enquanto ela enfrenta a doença é fundamental para o tratamento. Ele pontua que, o abandono, pode fragilizar a mulher durante o enfrentamento do câncer pelo abalo emocional.
“O câncer, quando descoberto precocemente, tem grandes chances de cura. Nesse processo, ter apoio é fundamental. Enfrentar o câncer é uma missão muito dolorosa. Se no meio desse enfrentamento há uma separação, pode comprometer a saúde mental da paciente, que já está debilitada por causa da doença”, comentou.
Apoio emocional
“Normalmente, quando é iniciada a quimioterapia, a mulher pode perder os cabelos. Isso mexe com a autoestima. O que esperamos dos parceiros dessas pacientes é que compreendam o momento delicado e saibam dar o apoio necessário, porque isso é importante para o resultado do tratamento”, completou.
Ainda de acordo com o médico André Kot, buscar ajuda de um psicólogo pode ajudar a enfrentar essa fase. Ele ressalta que, o tratamento contra o câncer, exige bastante tanto da paciente, como dos que estão ao redor da pessoa. Por isso, é válido que a família também tenha apoio emocional.
“Nós sabemos que um tratamento contra uma doença tão severa não é algo simples de enfrentar, mas, se há apoio de um profissional de saúde mental esse caminho pode se tornar mais leve. Quimioterapia ou radioterapia mexem com toda a estrutura familiar. Mas, é importante frisar que a paciente deve saber que é amada, e se sentir acolhida no núcleo familiar”, concluiu.
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O Sul