Saúde

Uma ameaça silenciosa e sem cura: entenda os riscos da DPOC

Uma condição respiratória na qual a principal característica é a obstrução das vias aéreas é a oitava principal causa de problemas de saúde no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).  A  doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) está diretamente ligada à bronquite crônica (em que as vias respiratórias inflamadas produzem muita secreção) e ao enfisema pulmonar (responsável por aumentar o tamanho dos alvéolos, atrapalhando a capacidade respiratória).

Por se tratar de uma doença progressiva, uma das principais preocupações é que ela se desenvolve na fase jovem da vida e traz complicações após anos. Durante crises graves da DPOC, pode-se evoluir para um quadro de pneumonia, insuficiência respiratória aguda ou embolia pulmonar e comprometer a qualidade de vida se não for tratada adequadamente.

Em períodos de frio ou de seca, alguns sintomas podem se manifestar com mais frequência e de forma mais agressiva. De acordo com William Schwartz, pneumologista e coordenador de Pneumologia do Hospital Santa Lúcia, os pacientes com DPOC devem evitar se expor à poeira, poluentes e manter a hidratação. 

“Recomenda-se evitar ambientes com ar-condicionado ou aquecedores sem umidificação, usar soro fisiológico nasal e, se necessário, umidificadores. Manter as janelas fechadas nas primeiras horas da manhã e no final do dia ajuda a evitar exposição a poluentes e alérgenos”, explica.

Tabagismo e poluição

O tabagismo é a principal causa da doença pulmonar obstrutiva crônica, incluindo o uso do próprio tabaco, o fumo de cigarros, convencionais e eletrônicos, cachimbos e narguilés. De acordo com o Ministério da Saúde, o fumo contribui com 80% dos casos da DPOC.

Os principais grupos de risco incluem fumantes ativos e ex-fumantes(foto: Reprodução/ Freepik )

Além do tabagismo e do contato direto com poluentes, produtos químicos, fatores genéticos e infecções respiratórias repentinas na infância podem influenciar no diagnóstico. A melhor forma de prevenção é o combate ao fumo, incluindo o fumo passivo, e o controle da exposição à poluição.

Segundo o médico William Schwartz, para os fumantes, parar de fumar em qualquer fase reduz significativamente a progressão da doença. “Além disso, manter acompanhamento médico regular, realizar espirometria (teste que avalia a função pulmonar), vacinar-se adequadamente e adotar hábitos saudáveis, como exercícios físicos, são formas de prevenir complicações mesmo após anos de tabagismo.”

Sintomas

Os sintomas iniciais podem parecer inofensivos, mas se agravam com o passar do tempo. Eles podem ser suspeitados pelos pacientes nas atividades cotidianas, com fadiga, episódios de tosse e dificuldade respiratórias. Quando não tratados, viram episódios constantes. Entre eles:

Tosse contínua e persistente

Secreções (expectoração)

Sensação de aperto e chiado no peito

Em alguns casos, dor de cabeça e perda de peso

Pacientes com DPOC geralmente são mais suscetíveis a infecções virais(foto: Reprodução: Freepik )

Tratamento

Não existe cura para a patologia, mas, sim, tratamentos para retardar a gravidade da doença, controlar os sintomas e evitar futuras sequelas. O tipo de tratamento deve ser indicado por um profissional, com base na gravidade do caso e cormobidades prévias. 

Em casos mais graves, o tratamento medicamentoso pode ser complementado com a suplementação de oxigênio, fisioterapia respiratória para auxiliar na reabilitação pulmonar e intervenção cirúrgica. Por se tratar de uma doença crônica, o controle e o tratamento devem ser feitos a longo prazo. 

“Com um diagnóstico precoce, mudanças de estilo de vida, fisioterapia respiratória e uso adequado de medicamentos, é possível reduzir os sintomas, evitar internações e melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente”, afirma o pneumologista.

Pessoas com DPOC devem manter em dia as vacinas pneumocócica, contra influenza, coqueluche, vírus sincicial respiratório (VSR) e covid-19, já que infecções respiratórias podem agravar significativamente o quadro.

Palavra do especialista

A DPOC é uma doença subdiagnosticada? Por quê?

Sim, é subdiagnosticada. Muitas pessoas com sintomas compatíveis não procuram especialistas, acabam se automedicando e associam seus sintomas (como tosse crônica e falta de ar) com uma gripe, o tabagismo, a mudança de clima etc. Além do mais, o exame que comprova a DPOC — a espirometria — ainda é pouco utilizado em muitos serviços de saúde, tanto por acesso quanto por falta de conhecimento.

O tabagismo continua sendo o principal fator de risco para a DPOC? Há outros importantes que merecem destaque?

Sim, com certeza, o tabagismo continua sendo o principal fator de risco para a DPOC. Pessoas que trabalham com produtos químicos sem uso de equipamentos de proteção individual (EPI), poluição do ar, queima de biomassa, infecções respiratórias repetidas, fatores genéticos, também como a deficiência de alfa-1 antitripsina, são outros fatores.

Como é o tratamento atual da DPOC e quais os principais avanços nos últimos anos?

O tratamento não é apenas medicamentoso, deve haver a interrupção do tabagismo. A vacinação também é importantíssima (contra gripe, pneumonia, covid-19 e herpes zoster), assim como a reabilitação pulmonar, a depender da gravidade, as válvulas endobrônquicas para casos selecionados, além do carro-chefe, que são os medicamentos inalatórios, como broncodilatadores, beta-agonistas de longa ação (LABA) e anticolinérgicos de longa ação (LAMA), e até corticosteroides inalatórios, sempre com orientação do pneumologista para indicar a melhor droga e o melhor dispositivo inalatório. O tratamento é personalizado. Em casos mais avançados, inclui o uso de oxigênio continuamente em domicílio. Os avanços são novos medicamentos inalatórios com melhor perfil de segurança e eficácia, dispositivos mais fáceis de usar, e tratamentos personalizados baseados em fenótipos da doença, como imunobiológicos.

Gilda Ellizabeth é médica pneumologista da Universidade Católica de Brasília.

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