Segurança
Foto: Divulgação / Arquivo pessoal

Arrastada pelo vento para mais de dois quilômetros distante da margem da Lagoa dos Patos, em Tapes, no sul do Estado, uma menina de seis anos contou com o Corpo de Bombeiros Voluntários do município e um tanto de sorte para ser retirada ilesa da água no final da manhã deste domingo (26).

Quando Isabelle Gonçalves dos Santos foi encontrada, já havia pulado do pequeno bote inflável do qual havia sido levada pelos ventos e boiava de costas, em meio a fortes ondulações, apenas com o rosto acima da superfície. Questionada pela equipe de resgate se estava bem, sua primeira preocupação foi saber se o tio que havia tentado puxá-la de volta para terra, sem sucesso, estava em segurança.

— Não sei se ela teria aguentado mais cinco minutos, em razão do vento, das ondas e da temperatura da água. Foi um milagre termos conseguido encontrá-la na imensidão da lagoa, só com o rosto para fora — afirma o comandante dos Bombeiros em Tapes, Alessandro Vasque, 45 anos.

A menina estava dentro do bote na companhia do tio, Jairo Apolinário, 64 anos, quando o vento começou a empurrá-los para longe da margem, por volta das 11h30min. Sem conseguir remar de volta, Apolinário decidiu saltar do barco para puxá-lo de volta ao solo. Para sua surpresa, ao pular seus pés não encontraram mais o fundo da lagoa.

— Como remava, remava e não adiantava, resolvi sair do barco para ir puxando, mas, quando desci, já não dava mais pé e fui ao fundo. Se não fosse pela Isabelle, acho que teria desistido até de me salvar, porque fiquei muito cansado. Mas eu precisava sair para pedir socorro — conta o tio.

Acionado pela Brigada Militar, o Corpo de Bombeiros Voluntários de Tapes começou a providenciar o despacho de uma embarcação própria ao local. Mas, com o objetivo de ganhar minutos valiosos, o comandante lembrou que o proprietário de um camping próximo, Márcio Chicasca, tinha um barco próprio.

Em pouco tempo, conseguiram a embarcação emprestada e começaram a vasculhar a lagoa.

Divulgação / Arquivo pessoal
Vasque e Chicasca após o resgateDivulgação / Arquivo pessoal

— Como as ondulações estavam muito grandes, não se conseguia enxergar nada sobre a superfície. Foi Deus que nos colocou na direção onde a menina estava — conta Vasque.

Quando avistaram Isabelle, ela já havia saltado da embarcação para tentar voltar à terra a nado — mesmo que tenha dito à equipe de socorro que não sabia nadar.

— Ela estava preocupada comigo, porque não tinha mais me visto depois que pulei para tentar nos salvar — explica Apolinário.

Resgatada por uma boia de salvamento, se mostrou o tempo todo tranquila.

— Ela estava só com o rostinho fora da água. Mesmo assim, não demonstrou medo em nenhum momento. Apenas perguntou se o tio estava bem, porque achava que ele havia afundado — conta Vasque.

Foi um milagre

ALESSANDRO VASQUE

Bombeiro voluntário

Segundo o bombeiro voluntário, no local do resgate a profundidade deve oscilar entre algo como quatro ou cinco metros:

— Ao todo, a menina deve ter ficado naquela situação por uma meia hora, já que levamos cerca de 20 minutos para encontrá-la depois de termos entrado na água. Foi um milagre.

No meio da tarde, o casal de tios, Isabelle e uma irmã de 14 anos arrumavam as coisas para retornar ao município de Campo Bom, onde as meninas vivem com a mãe. Como a mãe precisava trabalhar no final de semana, viajaram a Tapes na companhia dos tios, como já haviam feito outras vezes.

— Agora, não faremos mais isso. O susto foi grande demais — concluiu Apolinário.

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Gaúcha ZH