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Foto: Arquivo/Ilustração

Ciclone poderoso atingirá atuará por quatro dias seguidos com impactos em estados do Sul, Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil com os maiores riscos no Rio Grande do Sul que sofrerá com tempestades, chuva localmente excessiva e ainda ventos ciclônicos intensos por 24 horas a 36 horas seguidas.

Este ciclone que vai atuar no Sul do Brasil entre esta segunda e a quinta é incomum em vários aspectos como a época do ano em que ocorre, a formação sobre o continente, a sua intensidade, a trajetória errática e a pressão excepcionalmente baixa.

Ciclones ocorrem em qualquer época do ano, mas normalmente os de maior força se dão entre os meses do outono e da primavera, no período frio do ano, enquanto no verão meteorológico os sistemas mais intensos ocorrem em latitudes altas, perto do polo, e não nas latitudes médias e muito menos sobre o Sul do Brasil.

Precedente recente de ciclone atípico nesta época do ano foi a tempestade subtropical Biguá, em dezembro de 2024, sobre o Rio Grande do Sul, que provocou tempestades severas e ventos ciclônicos acima de 100 km/h, com danos e mais de um milhão de gaúchos sem luz.

O sistema desta semana, ademais, vai se formar sobre o continente. O centro de baixa pressão já será muito profundo a partir do Nordeste da Argentina nesta segunda (8), e vai se intensificar ainda mais sobre o Rio Grande do Sul entre a terça (9) e quarta (10), antes de se afastar a partir da quinta (11).

Modelos numéricos indicam pressão atmosférica no centro deste ciclone sobre o Rio Grande do Sul entre 985 hPa e 990 hPa. São valores excepcionalmente baixos, raríssimos de se ver sobre o território gaúcho, e se confirmados serão os menores registros de pressão sobre o continente no Sul do Brasil desde o furacão Catarina de março de 2004, embora se enfatize que este sistema não se trata de um furacão, cuja formação ocorre sobre o mar e não em terra.

Chama atenção nas projeções dos modelos que este sistema será de deslocamento lento com um trajetória errática, atuando por quatro dias seguidos, o que também não é nada comum. Estará sobre a província argentina de Corrientes nesta segunda, muito perto da Fronteira Oeste gaúcho, sobre o Rio Grande do Sul ou rente à costa na terça e na quarta, e apenas na quinta vai começar a se distanciar rapidamente de terra sobre o mar, apesar de começar a quinta com o seu vórtice ainda no litoral gaúcho.

Este é um elemento deste ciclone que traz preocupação porque, além intenso, terá um deslocamento vagaroso, o que significa que poderá trazer riscos meteorológicos, como chuva localmente intensa, tempestades severas e vento muito forte a intenso, por quatro dia seguidos, entre a tarde e noite desta segunda e a madrugada e manhã da quinta-feira.

Risco muito alto de chuva localmente excessiva

A MetSul Meteorologia adverte que o ciclone vai trazer chuva localmente excessiva com risco de acumulados isolados até extremos durante a sua atuação sobre o Sul do Brasil. Os episódios de chuva isolada excessiva poderão atingir os três estados do Sul e ainda pontos do Centro-Oeste e do Sudeste nesta primeira metade da semana.

Como se observa no mapa, a chuva excessiva não será generalizada e não vai chover com altos volumes em muitas áreas, mas pontos localizados podem ter precipitação mesmo extrema no período, com marcas de 150 mm a 300 mm em poucas horas.

A baixa pressão traz chuva já em vários pontos do Sul do Brasil da tarde para a noite desta segunda, especialmente mais a Oeste, e favorecerá convecção com chuva isolada forte a intensa em diferentes pontos do Centro-Oeste e do Sudeste.

Na terça, chuva será generalizada no Sul do Brasil e por vezes forte a torrencial com muito altos volumes em curto período em pontos dos três estados do Sul e em setores localizados do Centro-Oeste e do Sudeste.

Na quarta, a atmosfera segue instável no Sul do Brasil com risco de chuva forte mais concentrado no Rio Grande do Sul, especialmente no Sul e no Leste do estado. O sistema ainda favorece instabilidade com chuva forte isolada no Sudeste e no Centro-Oeste, desta vez mais no Mato Grosso, Goiás, Nordeste de São Paulo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro.

Se ciclones intensos no inverno já provocam chuva volumosa, o risco de um sistema de grande intensidade nos meses quentes do verão é ainda maior porque a atmosfera aquecida é mais instável e a baixa pressão profunda avançará sobre massa de ar muito quente que tem provocado calor de até 40ºC.

Com isso, adverte-se para o elevado risco de episódios localizados de chuva excessiva e mesmo extrema capazes de provocar alagamentos, inundações repentinas, enxurradas e transbordamento de pequenos cursos d´água como arroios e córregos.

Ciclone provocará onda de temporais

Uma onda de temporais acompanhará o ciclone em vários estados. As tempestades, de início, pela baixa pressão profunda, começarão a partir do Oeste do Sul do Brasil entre a tarde e noite desta segunda. A baixa pressão ativará convecção com tempestades em pontos isolados do Centro-Oeste e do Sudeste também na segunda metade desta segunda.

O dia mais crítico de tempo severo será a terça com risco de temporais localizados em vários pontos do Sul, Centro-Oeste e o Sudeste. Não se afasta a formação de uma linha de instabilidade avançando de Oeste para Leste com tempestades. Na quarta-feira, o risco de temporais diminui, embora ainda possam ocorrer formações localizadas intensas no Sul e no Sudeste.

Alertamos para a possibilidade alta de temporais isolados de vento forte e queda de granizo de variado tamanho, uma vez que a combinação de pressão atmosférica por demais baixa com ar quente favorecerá convecção bastante profunda com prováveis numerosos temporais, alguns fortes a severos.

❗️❗️ Perigo! Ciclone potente e incomum trará danos | METSUL

A maior preocupação é com o risco de vendavais. São prováveis algumas supercélulas de tempestade que podem provocar temporais severos isolados com possibilidade de vento extremo isolado, como por correntes descendentes (microexplosões ou downburst), especialmente entre o Paraná, Mato Grosso do Sul e o Oeste paulista.

O risco de tornados sob pressão muito baixa e maior vorticidade na atmosfera não é descartado no Sul do Brasil, Mato Grosso do Sul e no estado de São Paulo. Uma possibilidade é a formação de trombas d´água (tornados sobre água) em lagoas e na costa oceânica.

Ventos ciclônicos devem atingir grande intensidade e por muitas horas

O ciclone vai trazer rajadas de vento muito fortes a intensas por várias horas seguidas, o que trará enorme impacto no setor elétrico com falta de luz para um número significativamente alto de clientes das concessionárias de energia, em especial no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul que são atendidos pela CEEE Equatorial. São prováveis ainda danos estruturais como destelhamentos, quedas de árvores e de postes de energia.

O vento começa a aumentar pelo litoral gaúcho na noite de terça, atinge o seu máximo no decorrer da quarta, mas o começo da quinta-feira ainda pode ter rajadas fortes a intensas mais esporádicas, especialmente na costa gaúcha.

Os mapas abaixo mostram as projeções de vento máximo nas rajadas do modelo do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF) em que se observa como o Sul e o Leste do Rio Grande do Sul devem ser as áreas mais afetadas porque estarão sob o vórtice do ciclone.

Os dados apontam a possibilidade de ventos ciclônicos de 60 km/h a 80 km/h na maior parte do Rio Grande do Sul com rajadas de 80 a km/h 100 km/h no Sul e no Leste gaúcho, mas com possibilidade de rajadas de 100 km/h a 130 km/h no Sul, litoral gaúcho e área da Lagoa dos Patos e seu entorno nas duas margens. Pontos elevados da encosta da Serra, entre o Nordeste gaúcho e o Planalto Sul de Santa Catarina, podem ter rajadas isoladas de 100 k/h a 150 km/h.

Vento muito forte a intenso, de 70 km/h a 100 km/h, e localmente superior, deve afetar ainda o Leste de Santa Catarina, Leste do Paraná e o Sul e o Leste de São Paulo na terça e, sobretudo, na quarta-feira. Rajadas muito fortes, de 70 km/h a 90 km/h, são possíveis em Curitiba e na cidade de São Paulo na quarta.

Mapas mostram a evolução do ciclone

O ciclone vai se formar no Rio Grande do Sul na terça (9) a partir de um profundo centro de baixa pressão que estará no Nordeste da Argentina na segunda. Os mapas a seguir do modelo do Centro Meteorológico Europeu mostram como deve ser a formação do ciclone e sua grande intensificação.

Atente como a pressão atmosférica já estará muito baixa no Nordeste da Argentina nesta segunda com valores abaixo de 1000 hPa. Na terça e na quarta-feira, com o sistema mais profundo sobre o Rio Grande do Sul, o modelo chega a projetar pressão em superfície de 982 hPa a 990 hPa, que são valores raríssimos de se observar.

Para se ter ideia, mesmo não sendo um furacão, os furacões categoria 1 no Atlântico Norte costumam apresentar pressão no seu centro entre 980 hPa e 990 hPa, o que evidencia quão incomum é a pressão indicada pelos modelos para este sistema.

Uma nota final. Fique atento aos muitos boletins da MetSul no decorrer desta semana sobre estes ciclone com informações atualizadas a todo momento aqui em metsul.com e em nosso canal no Youtube com os últimos dados de chuva, vento e tempestades severas.

MetSul Meteorologia

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