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Foto: PEDRO TESCH/BRASIL PHOTO PRESS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A MetSul emitiu ontem alerta sobre chuva volumosa a extrema no Rio Grande do Sul com alto risco de temporais isolados. Hoje, reforçamos o alerta com novos dados que indicam um cenário de precipitação ainda mais preocupante com acumulados extremos em parte do estado gaúcho e que podem atingir o equivalente a meses de chuva em poucos dias.

Como temos advertido, está começando uma prolongada sequência de dias de alto risco com uma alta frequência de chuva e elevada possibilidade de temporais isolados. Massa de ar quente, úmida e extremamente que provocou chuva excessiva e temporais durante a semana no Centro da Argentina e no Sul do Uruguai se estende agora ao Rio Grande do Sul.

Bloqueio atmosférico associado a uma massa de ar muito quente que provoca uma forte onda de calor no Brasil e em países vizinhos será responsável por manter a instabilidade retida a partir de agora por muitos dias no Rio Grande do Sul. Não bastasse, uma frente fria intensa vai cruzar pelo Rio Grande do Sul ente quarta e quinta da semana que vem com mais chuva forte.

Com isso, o período de hoje até os dias 20 e 21 de março será extremamente propício à chuva no Rio Grande do Sul e com acumulados muito altos e mesmo extremos em algumas áreas. Embora o risco de temporais isolados com vento pelo ar quente e úmido até terça, antes da passagem da frente fria, a maior ameaça meteorológica será chuva volumosa.

Não vai se tratar de um evento de chuva volumosa em pontos localizados. Advertimos que a chuva terá altos volumes em grande parte do Rio Grande do Sul. As precipitações das últimas horas apenas reforçam a preocupação com acumulados até o meio-dia desta sexta-feira em estações do Instituto Nacional de Meteorologia de 119 mm em Alegrete, 96 mm em Quaraí, 88 mm em Uruguaiana, 72 mm em São Vicente do Sul e 50 mm em Bagé. Ponto de medição do Cemaden já soma 168 mm em Alegrete.

VEJA OS MAPAS DE CHUVA

A chuva nos próximos dias, até quarta e quinta da semana que vem, deve atingir 100 mm a 200 mm em grande parte do Rio Grande do Sul, mas com acumulados em algumas áreas de 200 mm a 300 mm. Mesmo marcas muito isoladas de 300 mm a 400 mm não podem ser descartadas.

Os mapas abaixo trazem as projeções de chuva para sete dias dos modelos alemão (Icon), canadense (CMC), norte-americano (GFS) e europeu (ECMWF). Como se observa, todas as projeções indicam precipitações volumosas para o território gaúcho nestes dias de enorme instabilidade.

Conforme a nossa avaliação, as projeções dos modelos alemão e europeu são as com maior probabilidade de acerto. Nesse sentido, acreditamos que os mais altos volumes vão se dar entre o Oeste e o Centro do Rio Grande do Sul com marcas acima de 200 mm em vários pontos e potencialmente acima de 300 mm ou 350 mm em algumas cidades.

Isso significa que em apenas uma semana grande parte do Rio Grande do Sul deverá ter precipitação equivalente a um mês de chuva e algumas localidades podem atingir até 200% a 300% da média mensal, ou seja, dois a três meses de chuva em tão-somente sete dias, o que configura uma situação de volumes excepcionalmente altos para intervalo tão curto de dias.

ALAGAMENTOS, INUNDAÇÕES E CHEIAS DE RIOS

A MetSul alerta para impactos significativos para a população em alguns municípios. Cidades terão inundações repentinas e enchentes, repetindo as cenas dos meses do segundo semestre do ano passado. O cenário será especialmente crítico em bacias mais do Centro para o Oeste, o que inclui rios como Ibicuí, Santa Maria, Ibirapuitã e Santa Maria, mas outros rios do estado devem ter forte elevação.

Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem se terminantemente evitados por motoristas sob perigo de acidentes fatais.

A instabilidade trará chuva excessiva em curtos períodos, da ordem de 50 mm a 100 mm em menos de três horas, tal como já viu em pontos do Oeste gaúcho nas últimas horas. Isso agrava o risco de alagamentos e inundações repentinas em áreas urbanas e zonas rurais, trazendo prejuízos para moradores. Uma vez que é época de colheita, a chuva excessiva pode trazer impactos para produtores rurais, inclusive com lavouras inundadas.