A população do Hemisfério Sul se despede do outono nesta terça (20) e se prepara para dar as boas-vindas ao inverno na quarta-feira (21) – precisamente às 11h58. Conforme a MetSul Meteorologia, este será o primeiro ano nesta década em que a estação mais gelada estará sob El Niño, após três anos de La Niña.
Os meteorologistas consideram que o inverno meteorológico começou no primeiro dia de junho e termina no último dia de agosto. Nesta quarta começa o astronômico, a partir do solstício.
Influência do El Niño
O El Niño, que altera o padrão de circulação geral da atmosfera em escala global, afetará o clima durante a estação. O fenômeno foi declarado há poucos dias pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, e está em seus momentos iniciais. Com isso, segundo a MetSul, a tendência é que o Oceano Pacífico Equatorial aqueça mais no decorrer da estação e o El Niño se fortaleça.
De acordo com as projeções do site de meteorologia, o evento deve ter seu pico de intensidade no último trimestre deste ano, ou seja, entre a primavera e o verão, quando os efeitos devem começar a ser sentidos com maior força.
Chuva deve ser acima da média
Em todos os anos, o inverno é o período mais chuvoso no Rio Grande do Sul, juntamente com a primavera. Com a presença do El Niño, a tendência é que a estação tenha um aumento das frequência de precipitação, principalmente em sua segunda metade.
Sob influência do fenômeno, aumenta o risco de episódios de chuva excessiva. A MetSul informa que o RS tem diversos precedentes de cheias de rios no inverno, independentemente das condições no Pacífico. No entanto, esses casos tendem a ser mais numerosos e mais gravas em anos que contam com a presença do fenômeno.
Por isso, é altamente provável que o trimestre de inverno – entre junho e agosto – termine com chuva acima da a média na maior parte do Sul do Brasil. Por conta do evento extremo de chuva associado ao último ciclone extratropical que atingiu o Estado entre a última quinta (15) e sexta-feira (16), parte do Rio Grande do Sul já teve metade do que costuma chover durante toda a estação em apenas dois dias.
Há, também, maior probabilidade de temporais
Em anos de Pacífico mais quente do que a média, como se espera nos próximos meses, o número de episódios de temporais deve aumentar. Os episódios podem registrar vento intenso e granizo.
Os meses com maior probabilidade são agosto e setembro, quando se espera maior incidência de ar quente. Segundo a MetSul, são os meses, historicamente, que marcam um aumento na frequência de tempestades de granizo e de vendavais.
Frio não deve ser rigoroso
Quanto à temperatura, a MetSul projeta um inverno sem frio forte persistente. Em anos de El Niño, episódios de frio muito forte não deixam de ocorrer, mas tendem a ser menos numerosos. Assim, a maior parte do Sul do Brasil deve ter uma estação de temperatura acima da média climatológica.
Junho e julho, os dois primeiro meses da estação mais geladas, são, historicamente, os períodos que registram as temperaturas mais baixas. Agosto e setembro, no entanto, tendem a ter mínimas e máximas mais elevadas. Neste ano, os dois últimos meses de inverno podem ter dias de forte a intenso calor, com marcas perto ou acima de 35°C.
Apesar de alegrar os corações dos amantes do verão, tais episódios com alta temperatura costumam preceder eventos de tempo severo no Sul do Brasil. A alternância entre calor e frio é maior agosto e setembro, o que tende a levar a bruscas mudanças de temperatura. Essa “virada” pode acontecer no RS com vento e tempestades severas. “Isso piora não apenas o risco de tempo severo assim como de danos para a fruticultura por oscilações radicais de calor para frio e vice-versa”, informa a MetSul.
Vai ter neve e geada?
Conforme os especialistas, invernos sem frio rigoroso, mas que tiveram ondas de frio de maior intensidade, podem registrar neve no RS. Esse é o caso de agosto de 1965, ano que teve forte presença de El Niño. Sob o fenômeno, a maior chance de neve ocorre em eventos de frio em agosto e ou no começo de setembro.
A geada será registrada especialmente em junho e julho e ocorrerá mesmo com incursões de ar frio mais fracas.
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Jornal de NH