Como vai ser o clima em julho? O mês é o segundo do denominado inverno climático que é compreendido pelo trimestre dos meses de junho, julho e agosto. Por isso, julho é o mês central da estação inverno e, como efeito, historicamente costuma registrar ondas de frio, sendo que algumas muito intensas, como se viu, por exemplo, no ano 2000, na grande nevada de 2013 em Santa Catarina e no Paraná, e na nevada que branqueou a Serra Gaúcha nos últimos dias do mês em 2021. No Rio Grande do Sul, pelos padrões históricos, julho costuma ser um mês chuvoso enquanto no Centro do Brasil se instala a estação seca com precipitações escassas no Centro-Oeste, no Sudeste e mesmo em parte do Paraná, o que favorece o aporte de umidade em direção às latitudes médias como do Centro da Argentina, Uruguai e o estado gaúcho.
Em 2022, o mês de julho vai começar sob influência do fenômeno La Niña. Desde 1999, o Pacífico Equatorial não esteve tão frio no começo do inverno depois do outono com a La Niña mais intensa desde 1950. O Bureau de Meteorologia da Austrália declarou o final da La Niña, mas por critérios locais que diferem da maioria dos serviços mundiais de Meteorologia. A NOAA mantém a La Niña.
A La Niña é comumente associada à seca no Sul e chuva mais abundante no Nordeste do Brasil, mas os seus efeitos na precipitação no Sul do país são mais sentidos entre o final da primavera e o começo do outono. No inverno, muitos sistemas atuam no Sul brasileiro como frentes frias, frentes quentes e centros de baixa pressão, o que costuma trazer mais chuva para estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina enquanto o Paraná, pela sua posição mais ao Norte, sofre a influência do ar seco do Brasil Central e tem menor precipitação que os estados mais ao Sul. Por isso, mesmo com La Niña podem ocorrer eventos extremos de precipitação no Sul do Brasil e, em alguns casos, até com cheias de rios e enchentes.
Chuva
Julho promete ter cenário diferente na precipitação no Sul do Brasil em relação ao que se verificou em junho, invertendo-se os sinais nas diferentes áreas da região. A tendência, conforme nossa análise, é a chuva ficar abaixo da média na maior parte do Sul do Brasil em julho de 2022. O Paraná é o estado que menos deve ter chuva e o Rio Grande do Sul será o com os maiores índices de precipitação no Sul do país, mas ainda assim abaixo da média em muitas cidades. Parte do Oeste, do Leste e o Sul gaúcho é que desta vez podem ter maiores acumulados de chuva. A tendência é de uma primeira metade do mês de chuva muito escassa por padrão de bloqueio atmosférico principalmente entre o Norte gaúcho e o Paraná com chuva muito abaixo da média em partes dos estados catarinense e paranaense com mais chuva no Rio Grande do Sul, mas ainda assim abaixo da média em vários pontos do território gaúcho. Na segunda metade do mês aumenta a chuva nos estados catarinense e paranaense, entretanto sem volumes que façam o mês se aproximar das médias.
Frio
Junho foi um mês muito frio no Rio Grande do Sul e frio em Santa Catarina, mas no Paraná e na maior parte do Brasil Central foi de marcas acima da média. É muito provável que o mês que está chegando ao fim tenha sido o mais frio deste inverno na maior parte do Sul do país, uma vez que não se espera que julho ou agosto tenham temperaturas médias inferiores ao que se registrou agora em junho. A tendência é que julho em 2022 tenha temperatura acima da média predominando no Centro-Sul do Brasil com grandes anomalias positivas de temperatura em algumas áreas. Portanto, nos casos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina não haverá a repetição do padrão muito frio que se verificou em junho com grande número de dias com temperaturas mínimas e máximas abaixo do normal. Ao contrário, haverá muitos dias de temperatura agradável e alguns até quentes com calor, o que elevará as médias mensais e fará com que o mês termine com temperatura acima das normais históricas.
A tendência de temperatura acima da média para o mês no Sul do Brasil não significa que vai deixar de fazer frio. Vão ocorrer alguns dias frios no mês e até gelados, principalmente mais ao Sul gaúcho. Apenas que não devem ser frequentes e não se projeta uma sucessão de incursões de ar frio de forte intensidade. O que se espera são incursões de ar quente tanto na primeira quinzena como na segunda metade do mês que vão trazer um número de dias de temperatura agradável ou elevada acima do que se está acostumado a ver em julho, contribuindo para que o mês termine com temperatura acima da média nos estados do Sul.
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