A onda de frio que teve início na quinta-feira com a chegada de uma potente massa de ar polar com registro de neve granular até na fronteira gaúcha e que pela sua trajetória continental avançou a Leste dos Andes com vendavais no Peru e acentuado resfriamento na floresta amazônica. A temperatura caiu 8ºC abaixo de zero em mais em Santa Catarina. A cidade de São Paulo teve uma das tardes mais frias já registradas em agosto na sexta-feira. Com frio tão intenso nesta segunda metade de agosto, normal que se questione se vai longe ainda o inverno neste ano, que começou cedo em maio e junho com temperatura abaixo a muito abaixo da média no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e com uma grande onda polar na terceira semana de maio que trouxe as menores mínimas para o mês no Brasil Central desde 1977 com marcas históricas, quando do ciclone Yakecan.
O pior do inverno, definitivamente, já passou e faz tempo. Junho foi o mês mais frio da estação na temperatura média. Foram muitos dias de temperatura média muito baixa. Julho, por sua vez, foi excepcionalmente quente, aliás o julho mais quente já registrado até hoje no Brasil. Já agosto, embora o frio intenso dos últimos mês, não tem temperatura média no mês tão baixa como junho, assim que é possível se afirmar com segurança que o pior do inverno ficou para trás, quando os critérios são temperatura média mensal e duração e frequência dos episódios de frio. Isso, contudo, não significa que o inverno acabou e que este agora é o último evento de frio do ano. O trimestre do chamado inverno meteorológico de 1º de junho a 31 de agosto está quase no fim e a estação pelo critério astronômico vai até a noite do dia 22 de setembro, quando vai se dar o equinócio da primavera. Portanto, ainda tem inverno pela frente com dias de frio. O que se torna menos provável gradualmente é que se registrem episódios de frio tão intenso e tão abrangente quanto o de maio e o dos últimos dias.
No começo da próxima semana, por exemplo, há expectativa de uma nova massa de ar frio que vai atingir o Brasil. Os dados dos modelos numéricos analisados pela MetSul Meteorologia não indicam, entretanto, que a incursão de ar frio do final deste mês seja tão fria quanto a última e que se ainda se faz sentir, embora possa provocar geada e marcas mais uma vez negativas no Sul do Brasil.
Setembro é o primeiro mês da primavera meteorológica, período compreendido entre os dias 1º de setembro e 30 de novembro. De acordo com os dados, não seria um mês de muito frio. O que se projeta é a tradicional alternância de períodos de temperatura mais baixa e temperatura mais alta com alguns dias de frio mais intenso e outros de calor mais forte. Embora seja inverno até 22 de setembro, setembro tem muitas características de primavera, da mesma forma que junho é muito mais um mês de inverno, apesar de dois terços do mês serem de outono. O modelo meteorológico europeu, em suas projeções por semanas (weeklies), sinaliza de 22 de agosto a 3 de outubro temperatura predominantemente perto da média com períodos em que a temperatura estará abaixo da média, ou seja, com uma alta probabilidade de que se anotem ainda dias de temperatura baixa à noite no Sul e no Sudeste do Brasil. Não sinaliza, contudo, nenhum grande evento de frio, o que não se pode descartar por se tratar de uma média semanal e episódios de frio mais forte serem muito curtos em setembro.
O modelo climático norte-americano CFS, da NOAA, tem um sinal diferente de temperatura para o Centro-Sul do Brasil nas próximas semanas. Ao contrário do europeu, as projeções semanais apontam para temperatura mais acima da média com predomínio de dias quentes no Centro-Oeste e no Brasil Central ao passo que no Sul o aquecimento maior se daria no estado do Paraná. Na metade do mês, de acordo com o CFS, poderia haver uma incursão maior de ar frio. E no final de setembro haveria a chance de um período de temperatura mais alta generalizada com tardes de calor muito intenso.
O fenômeno La Niña segue em curso no Pacífico Equatorial Central. O último boletim semanal publicado pela NOAA apresentou uma anomalia de temperatura da superfície do mar na região Niño 3.4 de -1,1ºC, ou seja, o fenômeno está com intensidade moderada no momento. Com a perspectiva de a La Niña seguir na primavera, cresce o risco de alguns eventos tardios de frio, mas caso ocorram são muito breves e esporádicos porque daqui para a frente o frio tende a se tornar cada vez menos frequente e menos duradouro.
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