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Foto: Ilustração

Abril iniciou com as condições de El Niño ainda presentes no Oceano Pacífico Equatorial, mas o episódio de aquecimento dessa faixa equatorial do maior oceano mundial, que teve início em junho passado, está próximo do fim. É o que aponta a Metsul Meteorologia. Veja a seguir os riscos que pode causar ao Rio Grande do Sul.

Desde o começo deste ano, o El Niño tem gradualmente enfraquecido, e a previsão é que o evento do fenômeno de 2023-2024 chegue ao término nas próximas semanas, no mais tardar em meados de maio.

De acordo com o último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência de tempo e clima do governo dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar na região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Centro-Leste, estava em 1ºC. Essa região é oficialmente designada para verificar a presença de El Niño ou La Niña. O valor de 1ºC ainda indica a presença de um estado de El Niño, que varia de fraco a moderado.

Outra região importante é o Pacífico Equatorial Leste, nas proximidades do Peru e Equador, conhecida como Niño 1+2 na climatologia. Nessa parte do Pacífico, a temperatura do mar já está mais fria do que a média: -0,4ºC. Isso indica que águas mais frias das profundezas do Pacífico começaram a emergir na superfície, através do fenômeno chamado de ressurgência, o que marca o início do processo que provavelmente levará a um evento de La Niña.

É importante observar que esse resfriamento incipiente no Pacífico Leste ainda não é o início da La Niña, mas sim o início de um processo complexo de mudanças no oceano e na atmosfera que deve resultar em um evento de La Niña mais tarde neste ano. Entre o El Niño, que está chegando ao fim, e a La Niña, prevista para o segundo semestre, haverá um período de transição conhecido como fase neutra ou de neutralidade. Essa fase não deve ser confundida com normalidade no clima e tende a ser bastante curta, ocorrendo na segunda metade deste outono e avançando até o início do inverno.

Conforme a mais recente estimativa da NOAA, há uma probabilidade de 83% de que o El Niño chegue ao fim e o Pacífico Equatorial evolua para uma condição de neutralidade no trimestre de abril a junho, que marca o outono. Para os próximos trimestres, as probabilidades de El Niño são mínimas, enquanto as probabilidades de La Niña aumentam, indicando uma transição para um período frio. Esses padrões estão alinhados com eventos históricos, onde a transição de El Niño para La Niña ocorre rapidamente, e a maioria dos casos de El Niño forte é seguida por um episódio frio.

Riscos ao Rio Grande do Sul

A La Niña pode causar diversos efeitos no Rio Grande do Sul, devido às alterações nos padrões climáticos que ela provoca. Alguns dos principais impactos que o estado pode experimentar durante um evento de La Niña incluem:

  1. Períodos de estiagem prolongada: A La Niña tende a estar associada a padrões de precipitação abaixo da média em algumas regiões do Sul do Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul. Isso pode resultar em períodos prolongados de estiagem, afetando a disponibilidade de água para a agricultura, pecuária e abastecimento público.
  2. Temperaturas mais altas: Embora não seja uma característica exclusiva da La Niña, geralmente ocorre um aumento da temperatura durante os períodos de estiagem prolongada. A combinação de chuvas escassas e temperaturas mais altas pode contribuir para condições de calor intenso, o que pode afetar a produção agrícola e aumentar o risco de incêndios florestais.
  3. Risco de eventos extremos: A La Niña pode aumentar a probabilidade de ocorrência de eventos climáticos extremos, como tempestades severas, granizo e ventos fortes. Esses eventos podem causar danos às lavouras, infraestrutura e propriedades, impactando negativamente a economia local.
  4. Impactos na agricultura: As condições climáticas adversas associadas à La Niña podem afetar negativamente a produção agrícola do Rio Grande do Sul, especialmente culturas sensíveis à disponibilidade de água, como soja, milho e arroz. A escassez de chuvas e as temperaturas elevadas podem reduzir os rendimentos das safras e prejudicar a qualidade dos produtos.
  5. Possíveis benefícios para a produção de energia hidrelétrica: Embora a La Niña geralmente traga chuvas abaixo da média, algumas áreas podem experimentar chuvas intensas e períodos de maior umidade. Isso pode beneficiar os reservatórios de água das usinas hidrelétricas, aumentando a disponibilidade de energia elétrica gerada por essas fontes.

Saiba mais

A principal mudança prevista é a transição do atual episódio de El Niño para um evento de La Niña. Enquanto o El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, a La Niña é o oposto, envolvendo o resfriamento dessas mesmas águas. Essa transição terá impactos significativos no clima global, afetando os padrões de temperatura e precipitação em diferentes regiões do mundo. Por exemplo, a La Niña tende a estar associada a um aumento da atividade de furacões no Atlântico e a condições de seca em algumas partes da América do Sul e da Austrália, enquanto pode trazer chuvas intensas para outras regiões. Portanto, a transição de El Niño para La Niña pode desencadear mudanças substanciais nos padrões climáticos ao redor do globo.

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MetSul – https://metsul.com/comeca-o-processo-de-transicao-de-el-nino-para-la-nina/?fbclid=IwAR1dwgo4OX3w8d5HRYruohKA4gnAPmNc4wBJ2v3mG2GjB5c1tUCljo2L9LQ_aem_ATm5rVY9C-1hh9hkOrEUdUeg8XpQ2pXBEc7msnek5YG6f1Nov78e92U-ODHZ59O_Ostorq-afIFN16UeA4Yn_nvU .