Responsável, extrovertido e educado. Essas são algumas das características de Michel Casagrande, de 34 anos, lembradas por familiares, amigos e colegas de trabalho. O auxiliar de operações morreu na terça-feira (6), em Passo Fundo, em um acidente na Avenida Presidente Vargas, próximo ao trevo com a RS-135 e RS-324, conhecido como trevo do Ricci. Ele foi enterrado às 11h desta quarta-feira (7), no cemitério do bairro Petrópolis.
Casagrande voltava do intervalo do trabalho, por volta das 12h45min, quando se acidentou no trecho da Avenida Presidente Vargas que está em obras de revitalização. Ele havia abastecido a motocicleta em um posto de combustíveis e feito um lanche no local antes de retornar ao trabalho.
De acordo com a Brigada Militar (BM), a motocicleta se enroscou em fios que estavam soltos na pista e no meio-fio. Ele perdeu o controle da moto, bateu em um poste, caiu e morreu na hora.
— É muito triste, porque ele estava num momento feliz da vida dele, com trabalho novo, recém namorando. O ‘jeitão’ dele vai ficar para sempre, era brincalhão com todos — conta o pai da vítima, Tadeu Luiz Casagrande, de 63 anos.
A mãe de Michel, Amarilza de Fátima Casagrande, de 52 anos, lembra que seu filho era uma boa pessoa e não guardava rancor de ninguém.
— Se ele chegasse e brigasse com nós (pais), não dava cinco minutos e ele estava nos abraçando, como se nada tivesse acontecido. Ele não guardava mágoa de ninguém, não guardava rancor — afirma.
Família quer justiça
A família de Michel busca respostas sobre o acidente na Avenida Presidente Vargas. Nesta quarta-feira, durante o velório, a mãe de Michel disse que vai em busca de justiça para o filho:
— Nós queremos justiça. Quantas pessoas ainda vão precisar morrer naquele lugar? Foi uma total irresponsabilidade — afirma Amarilza.
O pai da vítima, Tadeu Casagrande, também acha que houve irresponsabilidade sobre a causa da morte do filho:
— Isso está totalmente errado, um pai enterrar um filho. Não é para ser assim. As pessoas precisam ser mais responsáveis com situações perigosas, como a que matou o meu filho — declara.
Quem era Michel
Aos 34 anos, Michel Casagrande havia recém terminado o supletivo Educação de Jovens e Adultos (EJA). Fã de games e tecnologias, ele sonhava em atuar na área voltada a informática.
— Ele gostava muito de computadores, tablets, celulares, games. Ele tinha vontade de trabalhar com isso. Como era muito caseiro, gostava de computadores — afirma o pai.
Michel morava com os pais, no bairro Dom Rodolfo, e também deixou uma irmã, Daiane Casagrande Flores, de 28 anos.
Há 15 dias, Michel havia iniciado um novo emprego, em uma empresa de logística e distribuição de mercadores e-commerce, próximo do local do acidente.
— Ele era uma pessoa boa, responsável, respeitoso. Sempre vivia dando risada. Adorava tomar um café com os colegas, conversar. É muito triste porque, quando a gente encontra alguém bom, acontece uma fatalidade — declara o supervisor da empresa, Darci de Lima Júnior, que fez a contratação de Michel, em maio.
Recentemente, Michel também havia iniciado um novo relacionamento, há três meses. A namorada, Elisandra da Silva de Almeida, lembra com carinho dos primeiros contatos, no caixa de atendimento do supermercado em que trabalha, que ele costumava passar.
— Ele vinha no meu caixa sempre. Até que um dia comprou uma caixa de bombom e eu passei. Quando pedi a forma de pagamento, ele pagou e disse que era para mim, mas eu tinha que passar o meu número de telefone em troca — lembra.
Segundo ela, após alguns dias de conversas via WhatsApp, Michel já havia decidido que queria namorar. O pedido aconteceu para o pai dela, o que surpreendeu toda a família.
— Ele me pediu em namoro para o meu pai, antes mesmo de mim. Ele era muito direto quando queria algo — conta Elisandra.
Todos os dias, antes, no intervalo e depois do trabalho, Michel mandava mensagens para a namorada. Na terça-feira (6), por volta das 6h, antes de ir ao trabalho, ele mandou o que seria a última mensagem, de despedida.
— Ele estava indo pro trabalho e dizendo que me amava muito, dizendo que nunca iria me deixar. Depois, por volta do meio-dia, esperei para falar com ele novamente, até que fiquei sabendo do acidente e que seria com ele — lamenta.
Polícia Civil investiga o caso
A Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa de Passo Fundo (DHPP), da Polícia Civil (PC), investiga as causas do acidente. Câmeras de videomonitoramento das proximidades do local do acidente poderão colaborar com a investigação.
Prefeitura diz ter notificado empresas pela fiação
Ainda na terça-feira, a prefeitura de Passo Fundo se manifestou em relação ao acidente registrado na avenida Presidente Vargas, por meio de nota oficial. GZH Passo Fundo tentou um novo posicionamento nesta quarta-feira (7), mas não recebeu retorno. Confira a nota na íntegra:
“A prefeitura de Passo Fundo informa que, em relação ao acidente ocorrido na tarde desta terça-feira (6) na Avenida Presidente Vargas, sempre houve a preocupação das secretarias municipais competentes em intensificar a sinalização quanto à ocorrência de obras no trecho, objetivando prevenir colisões e acidentes de trânsito. Ainda, quanto aos fios e ao cabeamento de telefonia e de internet, a prefeitura notificou as empresas responsáveis pela fiação para que estes materiais fossem retirados para que os serviços de modernização da via pudessem ser realizados. O município lamenta o óbito registrado e informa que as causas do acidente estão sendo investigadas”.
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