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Foto: Reprodução

“O que foi isso? É sério?”. Sem acreditar no que estava acontecendo, Leonardo Kuhn viu a sua vida mudar em uma quarta-feira dia 15 de julho de 2020, enquanto fazia uma transmissão ao vivo na plataforma Twitch, focada em lives de jogos online. Uma doação anônima de R$ 900 mil fez o jovem de 18 anos de Cunha Porã, no Oeste de Santa Catarina, cair no choro e perder as palavras.

De origem humilde, Leonardo começou a fazer lives jogando para arrecadar dinheiro e ajudar no tratamento do irmão mais novo, de sete anos, que nasceu com esquizofrenia e um problema no coração. Começou transmitindo para cinco pessoas, e ao longo do último ano viu o número de seguidores crescer, teve apoio de outros jogadores populares no mundo dos games e conseguiu arrecadar dinheiro suficiente para ajudar a família e pagar os remédios do irmão, que entre maio e junho fez um tratamento que o curou da condição cardíaca.

Quando bateu a meta de arrecadação e conseguiu ajudar o irmão, Leonardo fez uma live de comemoração e ficou 50 horas seguidas ao vivo. Em exaustão, sofreu um infarto e foi parar no hospital. Reduziu as horas na internet mas continuou com as transmissões, até comprar um carro para a mãe e entregar no começo da semana. A mudança já era grande na vida do jovem que cresceu com pouco e aos 15 anos tinha três empregos para ajudar em casa, mas tudo mudou neste dia.

Por volta das 22h30min a doação anônima apareceu na plataforma. R$ 900 mil e uma mensagem dizendo “vou continuar anônimo porque não quero nada em troca. Você mudou a minha vida. Graças às suas lives eu não me suicidei e a minha depressão foi curada”.

– Eu não paro de chorar. Eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo, fiquei a live toda chorando e pulando. Sou eternamente grato, nem sei como agradecer, porque isso mudou totalmente a minha vida – disse Leonardo.

A doação foi feita da Europa e o doador continuou anônimo. Leonardo achou que era algo falso, mas o valor foi creditado. Para o jovem que também lidou com a depressão na adolescência, o ato de generosidade não teve preço:

– Perdi meu pai com dois meses de vida, ficou só eu e minha mãe, até o meu irmão nascer sete anos atrás. Até os 16 anos eu tive depressão, passei muita fome e vivi a pior vida possível. Minha mãe trabalhava de cozinheira, mas teve que abandonar porque meu irmão ficou pior. Eu trabalhava em um restaurante meio-dia, em uma pizzaria à noite e tinha outro trabalho no final de semana para ajudar no tratamento do meu irmão, colocar comida na mesa, ajudar a minha mãe.

O computador em que Leonardo joga e faz as lives foi montado com ajuda da avó. A atividade na internet ajudou ele a superar a depressão e mudou a situação financeira da família. Agora, ele quer concluir o ensino médio e mudar com a família para a Alemanha, onde pretende buscar o sonho de ser profissional de eSports.

– Minha cabeça está tão a mil que não pensei ainda [o que fazer com o dinheiro], mas vou ajudar com os remédios do meu irmão, investir um pouco, dar uma casa para a minha mãe e dar uma boa vida para eles. E ajudar a caridade, outras pessoas que fazem lives porque precisam de algo – conta o jovem.

NSC Total