A atendente Beatriz Ascari, que entregou à Polícia Civil uma bolsa perdida com R$ 7 mil, documentos e celular dentro, em Ribeirão Preto (SP), diz estar tranquila e feliz por ter tomado a atitude.
A jovem completa 20 anos nesta terça-feira (20) e encontrou os objetos no cruzamento entre as ruas General Osório e Cerqueira César, no Centro, na sexta-feira (16).
Como não conseguiu encontrar o dono, Beatriz resolveu levar a bolsa à Central de Polícia Judiciária (CPJ), no sábado (17), para buscar ajuda.
“Acho que ia ficar com esse dinheiro até achar o dono. Mas era uma quantia muito alta. Para não acontecer algo, achei melhor deixar na delegacia. Isso devia ser algo natural das pessoas”, conta a atendente.
O que ela não imaginava era que o dono iria procurar a CPJ para registrar um boletim de ocorrência. Nesta segunda-feira (19), ele recuperou os pertences ao ouvir uma conversa entre policiais.
O valor era referente ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) recebido por ele após demissão do trabalho.
Segundo o Código Penal, apropriar-se de bem perdido ou esquecido pelo dono, sem devolvê-lo ou entregá-lo às autoridades em 15 dias, configura o crime de apropriação de coisa achada, que tem pena de até um ano de detenção e multa.
Buscas
Beatriz trabalha em um shopping na região central da cidade e estava no mesmo ponto de ônibus em que o homem havia deixado os pertences por engano. Inicialmente, o que lhe chamou atenção foram três caixas de incenso ao lado da bolsa, por volta das 22h de sexta-feira.
“Peguei as caixas e a bolsa. Abri, vi que tinham os documentos e o dinheiro, além do celular. A gente tentou falar com o pessoal que ligou e que os números estavam aparecendo na tela, mas não conseguimos entrar em contato”, relembra Beatriz.
Empenhada em devolver a bolsa, a jovem passou a visitar endereços de estabelecimentos que constavam na Carteira de Trabalho do homem. Foram duas visitas sem sucesso no sábado de manhã. Como estava a caminho do trabalho, e a delegacia é perto, decidiu parar e deixar tudo com os policiais.
“Conversei com o meu pai e ele disse que seria uma boa ideia devolver, já que o dono devia estar mal”, diz.
‘Retorno são coisas boas’
Beatriz lembra que já passou por situação parecida. Há alguns anos, perdeu o cartão de ônibus, mas foi salva por uma mulher. Para a aniversariante do dia, o exercício da empatia é algo inerente a si.
“Minha mãe disse que sempre que eu achasse alguma coisa, devolvesse. O retorno são coisas boas para a vida. Tento tirar experiência dessas situações”, ressalta.
Coincidência
O dono ficou surpreso ao descobrir que a bolsa havia sido deixada pela jovem na delegacia. Ele soube disso ao registrar um boletim de ocorrência e comemorou o fato de ter conseguido recuperar os pertences.
O homem deu falta da bolsa quando chegou em casa e se lembrou que havia deixado o material em uma calçada onde estava sentado à espera do transporte.
“Foi impressionante, [estou] muito surpreso e feliz. O dinheiro é para viajar, ver meus filhos em São Paulo, pagar contas”, conclui o homem, que preferiu não ser identificado.
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G1