A Vara Criminal de Farroupilha, na Serra, autorizou a reabertura da investigação sobre a morte de José Dougokinski, o primeiro marido de Alexandra Dougokenski, ré pela morte do filho Rafael Winques, em Planalto, no Norte do estado, no ano passado. A decisão é do dia 21.
Uma perícia particular contratada pela família encontrou incongruências no inquérito que determinou como suicídio a causa da morte do agricultor e suspeita que ele possa ter sido assassinado.
A juíza Claudia Bampi considerou que, “diante do surgimento de provas novas” e de “documentos e justificativas apresentadas”, o caso deve ser reaberto. Ela ainda determinou que os peritos do Instituto Geral de Perícias de Caxias do Sul que realizaram o laudo do óbito “façam os esclarecimentos que entenderem pertinentes”.
A Polícia Civil informou que, assim que for intimada pela Justiça, vai reabrir as investigações.
Relembre o caso
José foi encontrado morto por Alexandra dentro do quarto, em fevereiro de 2007, na zona rural de Farroupilha. Ela contou à polícia que escutou barulhos e encontrou o corpo dele já sem vida, preso em uma corda que foi amarrada em uma viga no teto.
No entanto, conforme o advogado Jean Severo, que representa Alexandra, ela reafirmou inocência no caso do ex-marido.
“O rapaz era depressivo, teve problema com álcool, e se suicidou. Eu tive acesso a algumas fotos e não tem como a Alexandra ter forjado aquela situação. Foi um suicídio”, reforça Severo.
Laudos do IGP atestaram que José estava mesmo embriagado e concluíram que foi suicídio. Mas a família do agricultor teve dúvidas desde o velório.
“Ela se mostrou uma pessoa fria, muito fria. Não demonstrou sentimento algum, nada, nada. Ela celebrou com a família dela num canto, e ali eles ficaram a noite inteira, contando causo e dando risada. No outro dia, que a gente ia enterrar ele, ela não queria se despedir, tinha receio”, conta Neli Josefovis, irmã de José e ex-cunhada de Alexandra.
Ao saber do envolvimento dela na morte de Rafael, em que também foi usada uma corda, a família do agricultor resolveu procurar uma advogada. Esta contratou um perito particular, que chegou a uma conclusão diferente do IGP.
“O estado de embriaguez que ele apresentava limita o seu raciocínio especificamente para tirar a sua própria vida e mais ainda procurar um elemento de sustentação, da suposta corda, da corda utilizada pra morte, e amarrá-la em um lugar que ele precisaria analisar antecipadamente, procurar antecipadamente onde estava a viga, tirar a madeira do forro, e posteriormente fazer nós que possam sustentar o peso dele e efetuar a suspensão. Eu não tenho dúvida que isso foi um homicídio”, sustenta o perito criminalístico Eduardo Llanos.
MP pediu a reabertura do caso
O promotor Ronaldo Lara Resende analisou o laudo e as contradições no inquérito apontadas pela advogada da família. Além disso, ele levou em consideração uma declaração de Rodrigo Winques, ex-marido dela e pai de Rafael, que disse ter ouvido que Alexandra referiu ter matado o então marido José Dougokinski.
Já a advogada da família de José, Maura da Silva Leitzke, vai pedir que seja feita a reprodução simulada da morte do agricultor.
“Para que a gente possa efetivamente demonstrar que a versão que foi apresentada na época pela única testemunha do crime, que foi a Alexandra Dougokenski, não pode ser considerada, levando em consideração o contexto do local e a forma como o corpo foi encontrado”, observa Maura.
Alexandra segue presa no Presídio de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
G1 RS