O que esperar do clima em agosto? O oitavo mês do ano é o terceiro e último do trimestre do inverno climático, a despeito da estação fria terminar pelo critério astronômico apenas na segunda metade de setembro. O mês, assim, é o que costuma ter temperatura média mais alta no trimestre climatológico de inverno, sendo menos frio nas normais históricas que junho e julho.
O que se espera para 2021?
O mês de agosto neste ano pode ser repartido em dois momentos. A primeira e a segunda quinzenas do mês terão padrões diferentes na temperatura e principalmente na chuva. Na chuva, o mês terá uma grande variabilidade de volumes de uma região para outra, mas a tendência é de que os mais altos volumes se concentrem sobre a Metade Norte gaúcha, no caso do Rio Grande do Sul.
No geral, no Centro-Sul do Brasil, a precipitação deve ficar abaixo da média no mês. A maior parte da primeira metade de agosto será marcada pelo predomínio do tempo firme com muitos dias de sol, nevoeiro e neblina. Em muitos locais do Sul do Brasil não deverá chover nos primeiros dez dias do mês.
A tendência é que a chuva comece a retornar entre a segunda e a terceira semana do mês com uma condição mais favorável para a chuva na segunda quinzena de agosto, contudo o aumento da precipitação não deve ser suficiente para evitar que agosto finalize com os índices de chuva abaixo da média na maioria das áreas do Centro-Sul do Brasil. Por conta da atmosfera mais instável na segunda quinzena, será o período com aumento de risco de temporais.
No tocante à temperatura, agosto ainda começa com noites frias e temperatura abaixo da média como consequência da forte incursão polar do final de julho, entretanto as marcas nos termômetros estarão em elevação gradual e as tardes passam a amenas e agradáveis enquanto as madrugadas seguem frias, a despeito de não tão geladas como no fim do mês de julho.
Com a ausência de chuva e a atmosfera aquecendo a cada dia, a tendência é que o final da primeira semana e o começo da segunda semana do mês sejam mais quentes que o normal do mês, inclusive com tardes de calor em que a temperatura deve passar dos 30ºC.
Na sequência, a expectativa é que o Sul do Brasil volte a ser alcançado por massas de ar frio que serão intercaladas com alguns dias de marcas mais amenas ou elevadas, mas que não devem gerar longas sequências de dias de temperatura acima da média.
O que chama a atenção da MetSul é que vem se observando um ciclo de 30 dias entre o ingresso de ar polar de grande intensidade. Houve uma intensa onda de frio no fim de junho e outra de enorme intensidade no final de julho.
Mantendo-se o ciclo, e este é um ponto em aberto, poderia haver uma incursão polar forte a muito forte na última semana de agosto. O modelo europeu não sinaliza tal tendência de ar gelado no final de agosto, mas o modelo norte-americano CFS aponta uma massa de ar polar de grande intensidade na última semana do mês.
Agosto, pelos padrões históricos, costuma ter eventos de neve de maior intensidade que o mês de julho. Porto Alegre, por exemplo, teve seu histórico evento de neve no dia 24 de agosto de 1984.
Com o Rio Grande do Sul recém saído de um evento de neve histórico, a possibilidade de voltar a nevar neste mês em um evento frio não pode ser descartado, em especial num ano com alta frequência de massas de ar polar de grande potência.
Ocorre que previsão de neve somente é possível em curto prazo em Meteorologia, mas é possível se antecipar padrões mais ou menos favoráveis ao fenômeno com semanas de antecedência como base no comportamento da Oscilação de Madden-Julian – influencia na formacao de ciclones – e nas projeções de anomalia de temperatura de modelagem.
MetSul